Terreiro de uma fazenda de café, Século XIX (¹) |
Um bom terreiro, com chão firme, era essencial às antigas fazendas de café, porque era nele que os pequenos frutos vermelhos eram espalhados após a colheita. O príncipe Adalberto da Prússia, que chegou ao Brasil em setembro de 1842, relatou, depois de visitar a fazenda Aldeia:
"Assim que o café é colhido pelos negros, as bagas são postas a secar no terreiro, um pátio diante da casa - uma espécie de eira de barro batido -; em seguida levam-nas em grandes caixas para os pilões movidos por água, e por fim para as máquinas de limpar café, por onde passam duas vezes. Só então o café está pronto para ser carregado pelas tropas e transportado." (²)
Pouco além de duas décadas mais tarde, o casal Agassiz, à frente da Expedição Thayer, também esteve no Brasil, deixando registrada esta observação sobre o uso do terreiro na fazenda Fortaleza de Santana:
"[...] os negros dividem em lotes a colheita do dia e a arrumam em pequenos montículos no terreiro. Quando o café está bem seco, e por igual, espalham-no em camadas de pouca altura sobre a extensão toda do terreiro, onde ainda recebe por algum tempo os raios do sol; os grãos são em seguida descascados com auxílio de máquinas muito simples que se usam em todas as fazendas, e a manipulação está concluída." (³)
É importante assinalar que esses viajantes se referiam ao café cultivado e rusticamente beneficiado nas próprias fazendas, antes da grande expansão cafeeira pelo Oeste Paulista. Devido à demora na modernização das práticas agrícolas e pelas dificuldades quanto ao transporte (⁴), o café brasileiro, destinado à exportação, sofria questionamentos em relação à qualidade e encontrava, por isso, obstáculos para colocação no mercado internacional.
(1) O original pertence à BNDigital; a imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(2) ADALBERTO, Príncipe da Prússia. Brasil: Amazonas - Xingu. Brasília: Senado Federal, 2002, p. 129.
(3) AGASSIZ, Jean Louis R. et AGASSIZ, Elizabeth Cary. Viagem ao Brasil 1865 - 1866. Brasília: Senado Federal, 2000, p. 131.
(4) Notem, leitores, a referência às tropas de muares no relato feito pelo príncipe Adalberto da Prússia.
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