terça-feira, 13 de agosto de 2019

Governantes e líderes militares da Antiguidade deveriam saber geografia

Quem vivia na Antiguidade podia gostar de geografia - ou não. Se você fosse um indivíduo comum, quem sabe um agricultor ou artesão, talvez tivesse curiosidade por ouvir falar de outros lugares, com seus rios e montanhas, vales ou desertos, além da gente que lá vivia, com seus costumes diferentes ou mesmo um pouco semelhantes aos seus. Pessoas com mais instrução possivelmente teriam certo interesse científico pela geografia.
Havia, no entanto, quem deveria, obrigatoriamente, pensar na geografia pela utilidade prática que oferecia. Esses, de acordo com Estrabão (¹), eram os que ocupavam posições de liderança, quer como governantes, quer como comandantes militares. "A geografia interessa", disse Estrabão, "àqueles que lideram, pela descrição que faz de terras e mares, não só dentro como fora do mundo habitado" (²).
O ponto de vista de Estrabão fazia sentido: quem exercia o governo deveria conhecer bem o território sobre o qual dominava, para tomar decisões acertadas em favor da prosperidade de seus súditos, bem como em relação à defesa, em caso de uma invasão estrangeira. Mais que isso, conhecer algo do território dos vizinhos oferecia uma vantagem significativa em caso de guerra, possibilitando o uso de tropas adequadas ao terreno, além de permitir expectativas realistas quanto à subsistência dos soldados ao longo de uma campanha militar. Estrabão lembraria, ainda, que o conhecimento de geografia podia ser importante para a caça, que, para alguns povos, estava muitas vezes associada à preparação para a guerra. De certo modo, uma coisa conduzia à outra.

(1) Viveu entre c. 64 a.C. e 24 d.C. Grego de nascimento, passou muito tempo no mundo romano. Infelizmente, muitas de suas obras se perderam.
(2) ESTRABÃO. Geografia, Livro I. O trecho citado foi traduzido por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.


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