quinta-feira, 22 de junho de 2017

Os reis assírios eram grandes caçadores

Neste relevo, assírios são vistos caçando um leão (¹)

Todo mundo sabe que os assírios eram apaixonados pela guerra. Com o passar do tempo, adquiriram uma fama nada simpática, em razão de incontáveis atrocidades cometidas contra inimigos derrotados. Porém, em tempos de paz, eram dados à prática de um esporte muito comum na Antiguidade: a caça. Os baixos-relevos que recobriam seus palácios vieram a ser registros preciosos, com excepcional realismo, dessas atividades de lazer a que os monarcas consagravam parte de seu tempo. Esses mandatários eram, também, adeptos da pesca no mar, de acordo com registros da época. Vejam, leitores, que nem era preciso que os escribas e artistas se desdobrassem em bajulações profissionais para garantir uma imagem favorável aos soberanos, já que os próprios monarcas se encarregavam de tentar proezas que destacassem seu papel de líderes corajosos (²).
Não se deve pensar que a caça fosse, para os reis assírios e outros membros da corte, apenas um passatempo adequado para espantar o tédio entre uma guerra e outra. Como exercício físico, era útil para quem queria manter a forma - os campos de batalha da Antiguidade requeriam muito da força e resistência dos soldados, e mesmo os reis precisavam, frequentemente, entrar em ação, se queriam conservar o respeito de seu próprio povo. Além disso, esse esporte sanguinário ajudava a eliminar qualquer vestígio de sensibilidade diante da dor e sofrimento alheios. Logo, era muito importante para um povo famoso por mutilar e empalar os inimigos derrotados.

Relevo retratando um leão ao sair da jaula (³)

Havia dias, por certo, em que mesmo o rei não estava disposto a peregrinar atrás de feras. Ainda assim, não existia motivo para deixar de fazer correr o sangue de leões e outros animais. Tanto entre os assírios como entre os babilônios era usual manter um estoque de animais selvagens à disposição dos sanguinários monarcas. Sempre que desejado, alguns desses infelizes seres vivos eram soltos e, sem muito trabalho, o rei ensanguentava sua lança e/ou algumas flechas. Os seres vivos viravam seres mortos, enquanto o apetite bélico era aguçado em planos para novas guerras, conquistas e crueldades.

Rei assírio matando um leão (⁴).

(1) LAYARD, Austen Henry. A Popular Account of Discoveries at Nineveh. London: John Murray, 1851, p. 288.
(2) Têm imitadores até hoje...
(3) LAYARD, Austen Henry. Nineveh and Babylon. London: John Murray, 1882, XXIV.
(4) Ibid., XXVI. Todas as imagens foram editadas para facilitar a visualização neste blog.


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