São denominados saguis, genericamente, muitos pequenos primatas arborícolas encontrados nas florestas do Brasil. No Século XVI, quando os colonizadores europeus, ainda fascinados pelo Novo Mundo, compreendiam bem pouco da fauna das Américas, Pero de Magalhães Gândavo escreveu, em sua História da Província de Santa Cruz a Que Vulgarmente Chamamos Brasil, cuja primeira publicação data de 1576:
"Há também uns pequeninos pela costa, de duas castas pouco maiores que doninhas, a que comumente chamam saguis. Convém a saber, há uns louros, e outros pardos; os louros têm um cabelo muito fino, e na semelhança do vulto e feição do corpo quase se querem parecer com leão; são muito formosos e não os há senão no Rio de Janeiro. Os pardos se acham daí para o norte em todas as mais capitanias. Também são muito aprazíveis, mas não tão alegres à vista como estes." (¹)
"Há também uns pequeninos pela costa, de duas castas pouco maiores que doninhas, a que comumente chamam saguis. Convém a saber, há uns louros, e outros pardos; os louros têm um cabelo muito fino, e na semelhança do vulto e feição do corpo quase se querem parecer com leão; são muito formosos e não os há senão no Rio de Janeiro. Os pardos se acham daí para o norte em todas as mais capitanias. Também são muito aprazíveis, mas não tão alegres à vista como estes." (¹)
Temos que perdoar a Gândavo o desconhecimento da variedade de saguis existente no Brasil, até porque, em seus dias, não apenas esses primatinhas é que eram ignorados. Os colonizadores pouco sabiam das terras da América, já que raramente ousavam ir longe, rumo ao interior.
Pois bem, portugueses e outros europeus gostaram tanto dos saguis que intentaram levá-los à Europa. Porém, segundo o relato do mesmo Gândavo, quase sempre a mudança de ares era fatal aos animaizinhos:
"E assim uns com outros são tão mimosos e delicados de sua natureza, que como os tiram da pátria e os embarcam para este Reino, tanto que chegam a outros ares mais frios quase todos morrem no mar, e não escapa senão algum de grande maravilha." (²)
Já no Século XVII o Padre Simão de Vasconcelos escreveu que, no Brasil, havia uma grande variedade de "animais de gosto e recreação, monos, macacos, bugios, saguis, preguiças, cotias e outras espécies sem conta." (³) Está nisso, afinal, uma evidência de que a gradual exploração do território americano levou os colonizadores europeus a uma melhor compreensão da enorme riqueza natural de que o Continente era dotado.
O povoamento e consequente crescimento das áreas urbanas contribuiu muito para a redução das matas habitadas por saguis, havendo um caso particularmente crítico em relação ao mico-leão-dourado, ainda uma espécie ameaçada pela diminuição da Mata Atlântica. Outras espécies, porém, podem encontrar lugares favoráveis à sobrevivência, havendo algumas que, curiosamente, parecem não ter problemas em achar espaço até mesmo em regiões urbanas, desde que convenientemente arborizadas.
Pois bem, portugueses e outros europeus gostaram tanto dos saguis que intentaram levá-los à Europa. Porém, segundo o relato do mesmo Gândavo, quase sempre a mudança de ares era fatal aos animaizinhos:
"E assim uns com outros são tão mimosos e delicados de sua natureza, que como os tiram da pátria e os embarcam para este Reino, tanto que chegam a outros ares mais frios quase todos morrem no mar, e não escapa senão algum de grande maravilha." (²)
Já no Século XVII o Padre Simão de Vasconcelos escreveu que, no Brasil, havia uma grande variedade de "animais de gosto e recreação, monos, macacos, bugios, saguis, preguiças, cotias e outras espécies sem conta." (³) Está nisso, afinal, uma evidência de que a gradual exploração do território americano levou os colonizadores europeus a uma melhor compreensão da enorme riqueza natural de que o Continente era dotado.
O povoamento e consequente crescimento das áreas urbanas contribuiu muito para a redução das matas habitadas por saguis, havendo um caso particularmente crítico em relação ao mico-leão-dourado, ainda uma espécie ameaçada pela diminuição da Mata Atlântica. Outras espécies, porém, podem encontrar lugares favoráveis à sobrevivência, havendo algumas que, curiosamente, parecem não ter problemas em achar espaço até mesmo em regiões urbanas, desde que convenientemente arborizadas.
Este foi visto em um zoológico no interior de São Paulo: sagui comendo salgadinho industrializado (oferecido por visitantes) |
(1) GÂNDAVO, Pero de Magalhães. Tratado da Terra do Brasil: História da Província de Santa Cruz a que Vulgarmente Chamamos Brasil. Brasília: Ed. Senado Federal, 2008, pp. 117 e 118.
(2) Ibid., p. 118.
(3) VASCONCELOS, Pe. Simão de Notícias Curiosas e Necessárias das Cousas do Brasil. Lisboa: Oficina de Ioam da Costa, 1668, p. 75.
Veja também:
Marta, a primeira vez que estive em BH, visitei um parque que tinha muitos saguis. Os visitantes, para os atrair, compravam cheetos e outros salgadinhos no quiosque. Só de ouvirem o barulho do pacote, eles já começavam a aproximar-se. Imagina o nível do colesterol dos pobrezinhos?!
ResponderExcluirLindos, todos eles. Nunca tive oportunidade de ver um dourado.
Beijinhos, um lindo fim-de-semana
Ruthia d'O Berço do Mundo
O mico-leão-dourado tem um habitat muito restrito, ou seja, a Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro. Outras espécies vivem em áreas muito mais extensas (como é o caso dos saguis-de-tufos-pretos que aparecem na postagem).
ExcluirQuanto ao costume de dar comida industrializada para os animaizinhos, é mesmo um problema sério. As pessoas acham que estão sendo carinhosas com eles, mas, na verdade, causam um grande dano. Ao menos em parques é preciso uma fiscalização mais rigorosa.