"Assim como a terra é grandíssima, assim são muitas as qualidades e feições das criaturas que Deus nela criou."Pero de Magalhães Gândavo, Tratado da Terra do Brasil
Corografia Brasílica é o nome da obra, em dois volumes, publicada pelo Padre Manuel Ayres de Casal em 1817, obra essa já citada muitas vezes neste blog. Pois bem, "corografia" significa descrição de uma determinada área geográfica e, neste caso específico, como diz o título, a descrição é das terras brasileiras. A obra foi muito reputada ao longo do século XIX, já que reunia informações em uma proporção como ainda não se fizera. Embora seja verdade que hoje saibamos haver nela muitas incorreções, não há como negar a importância a ela atribuída no passado.
Além de fazer descrição do território brasileiro, reunindo informações dentro daquilo que, na época, estava disponível, realizando também um esboço de fatos relacionados à História do Brasil, o Padre Ayres de Casal preocupou-se em listar os elementos mais destacados (segundo seus critérios), da flora e da fauna brasileiras. É nesse contexto que menciona a existência de "trinta e sete castas de quadrúpedes indígenas", que poderíamos enumerar de acordo com a tabela abaixo:
"Trinta e sete castas de quadrúpedes indígenas" - entenda-se, nativos do Continente Americano, conforme o parecer do Padre que, como se verá, não era o que poderíamos chamar de especialista em zoologia (para se ter uma ideia, na seção de "Zoologia" de cada parte de sua obra, incluía a população indígena local...). Entenda-se também que está denominando "quadrúpedes" a animais mamíferos (todo mundo sabe que há animais de quatro patas que não são mamíferos, e mamíferos que não têm quatro patas). E, como se vê facilmente, a lista está longe de ser tanto correta quanto completa. Em abono do autor, porém, deve-se reconhecer que não tinha, em questões zoológicas, nenhuma presunção de rigor científico, sendo antes seu propósito descrever a fauna do Brasil para leitores que tivessem interesse pelo assunto, e não para especialistas.
Se é assim, qual a importância dessa "classificação"?
Já lhe conto, leitor: é que alguns dos animais listados pelo Padre Ayres de Casal saíram de seus campos e matas nativos para entremeter-se na História do Brasil, e, por essa razão, é deles que trataremos nas próximas postagens!
Veja também:
Veja também:
- Animais na História do Brasil (Parte 2): Tigres e leões na América do Sul?
- Animais na História do Brasil (Parte 3): Histórias de onça
- Animais na História do Brasil (Parte 4): Churrasco de anta
- Animais na História do Brasil (Parte 5): Os ferozes queixadas
- Animais na História do Brasil (Parte 6): A capivara
- Animais na História do Brasil (Parte 7): Cervos e veados
- Animais na História do Brasil (Parte 8): Preguiças
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Democraticamente, comentários e debates construtivos serão bem-recebidos. Participe!
Devido à natureza dos assuntos tratados neste blog, todos os comentários passarão, necessariamente, por moderação, antes que sejam publicados. Comentários de caráter preconceituoso, racista, sexista, etc. não serão aceitos. Entretanto, a discussão inteligente de ideias será sempre estimulada.