sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O mercado de Porto Alegre na época da Independência do Brasil

Já há neste blog uma postagem sobre os escravos vendedores que, no Rio de Janeiro, capital do Brasil durante parte do Período Colonial e todo o Império, percorriam as ruas oferecendo mercadorias que seus senhores pretendiam comercializar. Esse costume de mandar escravos vendedores às ruas podia, também, ser encontrado em muitos outros lugares. Auguste de Saint-Hilaire, naturalista francês que esteve no Rio Grande do Sul entre 1820 e 1821, observou, a respeito do mercado que havia em Porto Alegre:
"É na Rua da Praia, próximo ao cais, que fica o mercado; nele vendem-se laranjas, amendoim, carne-seca, pão, feixes de lenha e legumes, principalmente couves. Como no Rio de Janeiro, as vendedoras são negras; algumas vendem acocoradas junto à mercadoria; outras possuem barracas, dispostas desordenadamente. Veem-se também, em Porto Alegre, negros que mascateiam fazendas pelas ruas." (¹)
Nota-se que tudo era muito semelhante ao verificado na Capital do Brasil. No entanto, Saint-Hilaire ainda acrescentaria, revelando um toque regional do comércio de rua:
"Atualmente vendem muito o fruto da araucária, a que chamam pinhão, nome que se dá, na Europa, às sementes de pinheiro. Usam-no cozido ou ligeiramente assado, ao chá ou entre as refeições, sendo frequente presentear com ele os amigos." (²)
Como devem ter percebido os meus leitores, aqui Saint-Hilaire errou feio: o pinhão é semente da Araucaria angustifolia, que, como todas as gimnospermas, não produz fruto. Ora, senhor botânico!...

Pinhões, sementes da araucária

(1) SAINT-HILAIRE, A. Viagem ao Rio Grande do Sul. Brasília: Ed. Senado Federal, 2002, p. 72.
(2) Ibid.

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