Já há neste blog uma postagem sobre os escravos vendedores que, no Rio de Janeiro, capital do Brasil durante parte do Período Colonial e todo o Império, percorriam as ruas oferecendo mercadorias que seus senhores pretendiam comercializar. Esse costume de mandar escravos vendedores às ruas podia, também, ser encontrado em muitos outros lugares. Auguste de Saint-Hilaire, naturalista francês que esteve no Rio Grande do Sul entre 1820 e 1821, observou, a respeito do mercado que havia em Porto Alegre:
"É na Rua da Praia, próximo ao cais, que fica o mercado; nele vendem-se laranjas, amendoim, carne-seca, pão, feixes de lenha e legumes, principalmente couves. Como no Rio de Janeiro, as vendedoras são negras; algumas vendem acocoradas junto à mercadoria; outras possuem barracas, dispostas desordenadamente. Veem-se também, em Porto Alegre, negros que mascateiam fazendas pelas ruas." (¹)
Nota-se que tudo era muito semelhante ao verificado na Capital do Brasil. No entanto, Saint-Hilaire ainda acrescentaria, revelando um toque regional do comércio de rua:
"Atualmente vendem muito o fruto da araucária, a que chamam pinhão, nome que se dá, na Europa, às sementes de pinheiro. Usam-no cozido ou ligeiramente assado, ao chá ou entre as refeições, sendo frequente presentear com ele os amigos." (²)
Como devem ter percebido os meus leitores, aqui Saint-Hilaire errou feio: o pinhão é semente da Araucaria angustifolia, que, como todas as gimnospermas, não produz fruto. Ora, senhor botânico!...
Nota-se que tudo era muito semelhante ao verificado na Capital do Brasil. No entanto, Saint-Hilaire ainda acrescentaria, revelando um toque regional do comércio de rua:
"Atualmente vendem muito o fruto da araucária, a que chamam pinhão, nome que se dá, na Europa, às sementes de pinheiro. Usam-no cozido ou ligeiramente assado, ao chá ou entre as refeições, sendo frequente presentear com ele os amigos." (²)
Como devem ter percebido os meus leitores, aqui Saint-Hilaire errou feio: o pinhão é semente da Araucaria angustifolia, que, como todas as gimnospermas, não produz fruto. Ora, senhor botânico!...
(1) SAINT-HILAIRE, A. Viagem ao Rio Grande do Sul. Brasília: Ed. Senado Federal, 2002, p. 72.
(2) Ibid.
Veja também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Democraticamente, comentários e debates construtivos serão bem-recebidos. Participe!
Devido à natureza dos assuntos tratados neste blog, todos os comentários passarão, necessariamente, por moderação, antes que sejam publicados. Comentários de caráter preconceituoso, racista, sexista, etc. não serão aceitos. Entretanto, a discussão inteligente de ideias será sempre estimulada.