Embora Pero Vaz de Caminha, o autor da "Carta do Achamento", não dê muitos detalhes, até onde se sabe a primeira pregação cristã em território brasileiro ocorreu no contexto da celebração da primeira missa. Ouviram-na os navegadores portugueses e, ao que parece, também indígenas, que, por não compreenderem o idioma, também não deviam fazer a menor ideia quanto ao sentido daquilo que presenciavam. "Ao domingo da Pascoela (¹) pela manhã", escreveu Caminha, "determinou o capitão (²) ir ouvir missa e sermão naquele ilhéu (³), e dentro levantar um altar mui bem arranjado. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual disse o padre frei Henrique (⁴), em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes que todos assistiram, a qual missa, segundo meu parecer, foi por todos ouvida com muito prazer e devoção".
Depois disso é que veio aquela que se considera a primeira pregação cristã em terra do Brasil, inaugurando um costume que seria muito praticado, já que, por muito tempo, ouvir sermões foi coisa que atraía multidões às igrejas, particularmente quando o pregador era pessoa conhecida pelos dotes de oratória. Mas voltemos à pregação de frei Henrique de Coimbra, descrita por Pero Vaz de Caminha e ouvida ao som das ondas que batiam na praia:
Depois disso é que veio aquela que se considera a primeira pregação cristã em terra do Brasil, inaugurando um costume que seria muito praticado, já que, por muito tempo, ouvir sermões foi coisa que atraía multidões às igrejas, particularmente quando o pregador era pessoa conhecida pelos dotes de oratória. Mas voltemos à pregação de frei Henrique de Coimbra, descrita por Pero Vaz de Caminha e ouvida ao som das ondas que batiam na praia:
"Acabada a missa, [...] o padre [...] subiu a uma cadeira alta, e nós todos lançados por essa areia, e pregou uma solene e proveitosa pregação da história evangélica, e no fim tratou da nossa vida e do achamento desta terra, referindo-se à cruz, sob cuja obediência viemos, que veio muito a propósito e fez muita devoção."Quanto aos indígenas, observavam tudo e, ao que parece, celebraram a seu modo, porque Pero Vaz de Caminha referiu que "enquanto assistimos à missa e ao sermão, estava na praia outra tanta gente [...] com seus arcos e setas, e andava folgando. E olhando-nos, sentaram-se, e depois de acabada a missa quando nós, sentados, atendíamos à pregação, levantaram-se muitos deles e tangeram corno ou buzina e começaram a saltar e dançar [...]". O que indígenas não sabiam é que portugueses, ao realizarem a cerimônia religiosa, estavam executando uma parte do processo de tomar posse da terra que se "achara". O choque cultural, com todas as suas consequências, estava apenas começando, embora, naquele momento, parecesse ser apenas um contato amistoso.
(1) 26 de abril de 1500.
(2) Referência a Pedro Álvares Cabral.
(3) "Ilhéu" era o que imaginavam os navegadores quanto ao lugar a que haviam chegado, e que, por isso, estavam chamando de Ilha de Vera Cruz. Mas era o Brasil, claro.
(4) Tratava-se de frei Henrique de Coimbra, franciscano.
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Bom dia. Uma excelente quarta-feira. Interessante matéria, não sabia. Excelente explicação.
ResponderExcluirOlá, Luiz, ótimo dia para você, também. Um abraço, com meus cumprimentos pelas fotos muito boas que tenho visto em seu blog.
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