segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Paracatu

D. Maria I não é exatamente uma personagem de saudosa memória no Brasil, mas foi em seu reinado que se deu a criação oficial da Vila de Paracatu do Príncipe, que, não obstante, era centro de povoamento e extração aurífera há bastante tempo, e sobre a qual o Barão de Eschwege escreveu:
"O córrego Rico, que percorre a região, deu origem à vila. Com efeito, o ouro daquele córrego possuía um bom aspecto, embora fosse de baixo título. [...] A afluência de aventureiros foi tão grande, que o governo de Gomes Freire de Andrade (¹) se viu obrigado a dividir e distribuir o distrito em 1744. [...]." (²)
Quando a exploração aurífera já havia declinado, como, de fato, ocorreu em praticamente todo o Brasil do começo do Século XIX, o padre Ayres de Casal afirmou:
"Paracatu do Príncipe, vila medíocre e famosa, bem assentada em terreno levantado, plano e vistoso com ruas direitas e calçadas, uma igreja matriz dedicada a Santo Antônio da Manga, três ermidas de N. Senhora com as invocações da Abadia, Amparo e Rosário, outra de Santa Ana, e duas boas fontes. Tem aula régia de latim. [...] Tem decaído muito do seu primeiro esplendor [...]." (³)
A expressão "vila medíocre", aqui, deve ser entendida como "de tamanho médio". Algumas fotos, a seguir, darão uma ideia do que se pode ver em Paracatu, já que o cuidado com o patrimônio histórico tem levado, inclusive, à reconstrução daquilo que o desgaste provocado pela passagem do tempo havia feito desaparecer.

Igreja Matriz de Santo Antônio, uma relíquia do Século XVIII

Igreja de Sant'Ana - a original, do Século XVIII, foi demolida em 1935, e a atual,
uma reconstrução, está no mesmo lugar da anterior

Chafariz

(1) Nascido em 1685 e falecido em 1763, Gomes Freire de Andrade, o primeiro conde de Bobadela, exerceu o mais alto cargo da administração portuguesa no Brasil Colonial entre 1733 e 1763.
(2) ESCHWEGE, Wilhelm Ludwig von. Pluto Brasiliensis, trad. Domício de Figueiredo Murta. Brasília: Senado Federal, 2011, p. 50.
(3) CASAL, Manuel Ayres de. Corografia Brasílica, vol. 1. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1817, p. 389.


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