segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

De quem era o jumento?

Como Galba decidiu um caso difícil


Galba, imperador romano (¹)
Galba foi imperador romano, depois de Nero e antes de Oto, mas ficou pouquíssimo tempo no poder: de 8 de junho do ano 68 a 15 de janeiro do ano seguinte, data em que foi assassinado. 
Com tão poucos dias para governar, que teria ele feito de notável? Se devemos crer em Suetônio, uma de suas realizações foi determinar quem era o dono de um jumento, em uma (quase) espécie de justiça salomônica. Foi assim o incidente:
"Ao administrar a justiça em certo momento, no qual se discutia quem seria o verdadeiro proprietário de um jumento, Galba notou que era impossível extrair a verdade apenas com o depoimento de testemunhas. Então mandou que, tendo os olhos vendados, o jumento fosse levado até o lugar onde estava acostumado a beber água e que, lá, fosse deixado à vontade - o dono seria aquele a quem, depois disso, se encaminhasse, sem qualquer coerção." (²)
Era preciso, todavia, mais que julgar o direito de propriedade sobre um jumento para se manter no poder. O exército romano estava em rebelião, disposto a colocar à frente do império aquele que fosse mais conveniente ou que prometesse mais. Oto, sucessor de Galba, também ficou pouco tempo na liderança de Roma: suicidou-se em 16 de abril de 69. 

(1) CAVALIERI, Giovanni Battista. Romanorum Imperatorum effigies. Roma: Vincentium Accoltum, 1583, p. 7. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(2) SUETÔNIO. De vita Caesarum, Livro VII. O trecho citado foi traduzido por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.


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