Onças, fossem pardas ou pintadas, despertaram a curiosidade dos primeiros exploradores europeus que chegaram à América do Sul (¹). Como muitos deles nunca tinham visto leões e tigres de verdade, acharam que a onça-parda (Puma concolor) era leão, e a pintada (Panthera onca), tigre. Estavam errados, é claro, mas isso não muda o fato de que tiveram medo delas. Lindas e ferozes, as onças eventualmente atacavam pessoas e animais domésticos. Não demorou até que fossem impiedosamente caçadas, de um modo diferente do método empregado por indígenas.
Há uma descrição interessante da caça às onças feita por Félix de Azara, espanhol que viajou pela América do Sul no Século XVIII. Segundo ele, era desta maneira extremamente cruel que estancieiros, aborrecidos com ataques de onças ao gado na Argentina e no Paraguai, abatiam as felinas:
"O modo de caçá-las é perseguindo-as com dois homens montados em bons cavalos. Ao encontrar árvore ou macega a onça se senta, e um dos cavaleiros investe contra ela para que fuja [...], enquanto o outro atira o laço [e, estando presa], corre em disparada, até que veja que [a onça] já está morta, e [se não], o outro prende-a também com o laço, puxando, um de cada lado, até matá-la." (²)
É razoável supor que método semelhante de caça fosse, ao menos ocasionalmente, empregado também no Brasil. Justifica-se essa hipótese por uma gravura de Debret, na qual uma onça, presa por laços, parece ser puxada por vários cavalos. Vejam abaixo, leitores, e tirem suas conclusões.
De acordo com Debret (⁴), nos campos do atual Estado do Paraná onças eram caçadas a laço e, quando capturadas, abatidas por um caçador pedestre.
(1) Podem ser encontradas também em outras áreas do Continente Americano.
(2) AZARA, Félix de. Viajes Inéditos de D. Félix de Azara. Buenos Aires: Imprenta y Librería de Mayo, 1873, p. 25. O trecho citado foi traduzido por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(3) DEBRET, J. B. Voyage Pittoresque et Historique au Brésil vol. 2. Paris: Firmin Didot Frères, 1835. O original pertence à Brasiliana USP; a imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
(4) Cf. DEBRET, J. B. Op. cit., p. 134.
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