segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Argumentos para um embaixador que deseja preservar a paz

Na Antiguidade havia povos muito briguentos. As guerras aconteciam pelos motivos mais fúteis, inclusive pelo prazer da contenda. Como veem os leitores, as coisas corriam mais ou menos como hoje, apenas com a diferença de que as armas então disponíveis não eram igualmente letais. 
Ainda assim, gente ajuizada compreendia que, na maioria dos casos, era prudente evitar a guerra, que, afinal, teria resultado imprevisível. 
Políbio de Megalópolis, um grego que viveu entre os romanos e foi contemporâneo de parte das Guerras Púnicas (¹), formulou alguns argumentos interessantes como sugestão aos embaixadores que, no exercício de sua funções, pretendessem a manutenção da paz. Escreveu ele:
"A guerra é semelhante à doença, enquanto a paz corresponde à saúde, de tal modo que, na paz, os enfermos se curam, enquanto que, na guerra, os saudáveis é que morrem; vigorando a paz, os velhos são sepultados pelos jovens, mas, na guerra, os jovens são sepultados pelos velhos; finalmente, na guerra, ninguém se acha seguro nem mesmo sob a proteção das muralhas, enquanto que na paz há tranquilidade até às fronteiras." (²)
Estas são boas ideias que deveriam ser consideradas pelos mandatários (e pelos mandões) que vivem sobre a superfície deste planeta já cansado de tantos conflitos inúteis e devastadores, não é mesmo? Principalmente porque, na hora dos grandes riscos, são os comandados que estão na frente da batalha, ao preço da própria vida, e não aqueles que ditam as ordens.

(1) Guerras entre Roma e Cartago, travadas entre 264 e 146 a.C., tendo como principal objetivo a hegemonia no Mediterrâneo ocidental.
(2) Tradução de Marta Iansen para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.


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