Como princesas e outras damas importantes subiam e desciam de carruagens
Não sei se alguém dos leitores já terá imaginado - talvez ao ler alguma coisa da literatura brasileira do Século XIX - quão complicada era a vida das jovens e senhoras de alta posição social, cada vez que tinham de subir ou descer de uma carruagem, coche ou outro veículo qualquer. Sim, porque a moda, com seus longos vestidos, geralmente dotados de armações, não era exatamente um elemento facilitador dos movimentos...
Lembremo-nos, ainda, de que muitas mulheres usavam espartilhos (que horror!), e teremos uma ideia de como era difícil andar com semelhante indumentária, até porque a maioria das damas importantes não era dada a fazer quaisquer exercícios físicos, no sentido que hoje atribuímos à expressão, ou seja, o de atividades esportivas.
Ora, sendo assim, como é que se evitava comprometer a elegância que convinha a gente tão importante, sempre que fosse preciso entrar ou sair de uma carruagem?
Simples: um criado (livre ou cativo) acompanhava a dama que saía a passeio, levando para ela um pequeno degrau móvel que era usado quando necessário. Valia a mesma prática para as moças e senhoras que desejavam andar a cavalo. Então, cada vez que a dama ia entrar em sua carruagem ou montar em um cavalo, o dito criado apresentava-se com o degrau, repetindo a operação quando a madame pretendia descer ou desmontar.
Como se vê, esse luxo era para poucas. O costume parece ter-se introduzido no Brasil com as princesas e outras damas de importância que vieram ao Rio de Janeiro com o Príncipe Regente Dom João (1808), mas perdurou, entre as mulheres que podiam ter servidores para o dito degrau, enquanto foi corrente o uso de carruagens.
Em 1890, um catálogo americano (de R. S. Luqueer & Co.) oferecia um curioso acessório para pequenas carruagens, que pode ser visto na imagem abaixo:
*****
Em 1890, um catálogo americano (de R. S. Luqueer & Co.) oferecia um curioso acessório para pequenas carruagens, que pode ser visto na imagem abaixo:
Veja também:
Eu acredito que também existiam carruagens com degraus retráteis, não?
ResponderExcluirMuito interessante, parabéns.
Certamente. As carruagens mencionadas na postagem são aquelas que foram trazidas de Portugal quando D. João VI e a Família Real vieram ao Brasil (1808) e sabe-se que não eram novas. Algumas datavam do tempo de D. João V. De qualquer modo, mesmo em carruagens sofisticadas, não se dispensava o criado que ajudava as madames, até porque, com aquelas roupas feitas com quase vinte metros de tecido (!), devia ser uma mão de obra e tanto subir ou descer de uma carruagem.
ExcluirObrigada por visitar História & Outras Histórias. Volte outras vezes...