O nomadismo, nos tempos antigos, não era, para os que se dedicavam ao pastoreio, uma opção. Era, antes, uma necessidade. Quando ovelhas e/ou cabras consumiam todas as pastagens de um lugar, era preciso, a bem da conservação dos rebanhos, procurar outro espaço para viver.
Além disso, dependendo das condições climáticas, podia ser necessário mover os rebanhos de acordo com as estações do ano. As montanhas podiam ter bons locais de pastagem desde fins da primavera, por todo o verão e até começar o outono; porém, em se aproximando o inverno, era preciso conduzir os animais para as planícies, cujas temperaturas, em geral mais amenas, bem como os ventos menos intensos, faziam as nevascas mais toleráveis, em termos de sobrevivência, tanto para os pastores como para seus rebanhos. É importante lembrar que, em algumas regiões do mundo, essa prática de migração sazonal de pastores e rebanhos ainda persiste, e é denominada transumância.
Quer-se dizer, então, que povos dedicados ao pastoreio tinham, obrigatoriamente, que ser nômades?
Certamente não. A sedentarização era possível em áreas de pastagens mais férteis, com variações climáticas menos intensas ao longo do ano, nas quais a ocorrência de chuvas regulares possibilitava mais célere recuperação da cobertura vegetal, de modo que, nessas condições, bastava fazer, com os rebanhos, um rodízio nas proximidades de uma dada povoação, combinando o pastoreio com a agricultura, da qual, inclusive, podia vir um suprimento de forragem para o gado nos meses mais frios.
No entanto, em áreas menos férteis, a atividade pastoril precisava ser nômade. Esgotada uma pastagem, era indispensável desmontar as tendas e partir. Lá iam homens e rebanhos em busca de um novo local para viver, que tivesse grama verde e água - local que acabaria também abandonado quando, de novo, os pastos fossem totalmente consumidos.
E o que é que acontecia se diferentes grupos de pastores nômades se encontrassem e resolvessem disputar uma mesma área? Os senhores leitores têm bastante experiência quanto ao que é a natureza humana. Não é difícil imaginar. Negociações pacíficas seriam improváveis. O que variava, naqueles tempos, em relação aos nossos dias, era apenas a capacidade destrutiva, com as armas mais que rudimentares então disponíveis. O resto é muito parecido ao que vemos até hoje, embora as brigas da atualidade não sejam, usualmente, por bons pastos. A disputa pela água, no entanto, anda a frequentar a ordem do dia.
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