Rouxinol, imagem do Século XVI (³) |
Pois bem, meus leitores, considerem que um sestércio corresponde a um quarto de denário. Portanto, os seiscentos mil sestércios pagos pelo rouxinol correspondem a cento e cinquenta mil denários. E quanto valia isso? Pois saibam que o denário era o pagamento diário que usualmente se fazia no mundo romano aos trabalhadores braçais livres. Conclui-se, então, que Cláudio gastou, para comprar o rouxinol, o equivalente a cento e cinquenta mil dias de trabalho.
Resta explicar, ainda, por que razão o imperador romano queria tão preciosa avezinha. Cláudio adquiriu-a, no dizer de Plínio, para presentear sua quarta mulher, Agripina, a mãe do futuro imperador Nero. Lembrem-se disso, amigos, quando compararem os valores que nortearam Roma nos primeiros tempos da República àqueles que se tornaram moda sob o mando dos imperadores. De onde vinha tanto dinheiro? Por que imperadores tinham tanta liberdade em dispor dos recursos públicos? É fácil, pois, reconhecer a tolice completa de se colocar a culpa da decadência do Império somente nas invasões bárbaras.
(1) 23 - 79 d.C. Talvez tenha sido o maior enciclopedista da Antiguidade.
(2) Cf. PLÍNIO, o Velho, Naturalis Historia, Livro X.
(3) Cf. GESNER, Conrad. Icones Avium Omnium. Zürich: Christof Froshover, 1560, p. 48. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
Veja também:
Perante tanta tolice, e outros afins, as invasões bárbaras são mera consequência. Um império, afinal, não suporta tudo.
ResponderExcluirUma boa quinta-feira, Marta :)
Não, mesmo. Roma é exemplo acabado de que as extravagâncias são caminho garantido para a ruína.
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