Contrariando a frugalidade vigente nos primeiros tempos da cidade, Roma, à medida que se fez Império, passou a apreciar os banquetes nos quais se servia tudo que houvesse de mais estranho. Esquisitices eram procuradas avidamente. Apício, o famoso chef contemporâneo de Augusto e Tibério, era partidário da ideia de que línguas de flamingo eram uma iguaria muito desejada por seu sabor em extremo delicado (¹). Aguentem, leitores: consta que nas ilhas Baleares, também na Antiguidade, filhotes de coelho eram extraídos da mãe antes do nascimento, já que eram tidos por iguaria finíssima (²).
Agora, voltemos a falar dos pavões. De acordo com Plínio, no livro X de Naturalis Historia, "o orator Hortensius foi o primeiro romano a matar um pavão para que fosse servido no banquete de inauguração de seu sacerdócio" (³). Parece que, desde então, as belas aves já não tiveram sossego. Ainda em conformidade com Plínio, no primeiro século antes de Cristo houve quem criasse e engordasse pavões para banquetes, ganhando muito dinheiro com isso. Não se deve supor, contudo, que toda refeição em Roma fosse feita nesses padrões. A maioria da população tinha hábitos alimentares bem mais simples, e se supunha feliz quando tinha comida suficiente. Refeições longas e extravagantes eram apenas para a elite, acostumada à prodigalidade decorrente das riquezas que o Império obtinha com suas conquistas militares. Não para sempre, porém.
Agora, voltemos a falar dos pavões. De acordo com Plínio, no livro X de Naturalis Historia, "o orator Hortensius foi o primeiro romano a matar um pavão para que fosse servido no banquete de inauguração de seu sacerdócio" (³). Parece que, desde então, as belas aves já não tiveram sossego. Ainda em conformidade com Plínio, no primeiro século antes de Cristo houve quem criasse e engordasse pavões para banquetes, ganhando muito dinheiro com isso. Não se deve supor, contudo, que toda refeição em Roma fosse feita nesses padrões. A maioria da população tinha hábitos alimentares bem mais simples, e se supunha feliz quando tinha comida suficiente. Refeições longas e extravagantes eram apenas para a elite, acostumada à prodigalidade decorrente das riquezas que o Império obtinha com suas conquistas militares. Não para sempre, porém.
(1) Cf. PLÍNIO, o Velho, Naturalis História, Livro X. Essa obra foi publicada na segunda metade do Século I d.C.; seu autor morreu no soterramento de Pompeia e Herculano em 79 d.C.
(2) Ibid., Livro VIII.
(3) Ibid., Livro X. O trecho citado foi traduzido por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
Veja também:
"Contrariando a frugalidade vigente nos primeiros tempos da cidade, Roma, à medida que se fez Império, passou a apreciar os banquetes nos quais se servia tudo que houvesse de mais estranho."
ResponderExcluirE assim, cara Marta, começou o declínio do Império Romano.
Uma boa semana :)
Coisa semelhante aconteceu com outros povos, outras culturas. E acho que continuará a ocorrer, enquanto houver gente neste planeta.
ExcluirMarta!
ResponderExcluirSaudade daqui.
O Twitter me trouxe de volta com
um lembrete.
Linda publicação.
Mas que é um desperdício
matar um pavão, ah é.
Sem contar que eles são mais bonitos vivos!
Bjins
CatiahoAlc.
Não imagina quanto fiquei feliz por vê-la aqui outra vez. Obrigada por ler o post.
ExcluirEstou totalmente de acordo: um desperdício matar a ave. No que depender de mim, todas as aves, porque sou vegetariana. Um grande abraço!