Quem vinha viver no Brasil nos primeiros tempos da colonização podia ter, ao chegar, ao menos uma certeza: não havia hospedarias ou mesmo simples estalagens para peregrinos (!!!) esperando quem aportava. Era necessário, tão rápido quanto possível, construir algum tipo de habitação, por mais simples que fosse, com aquilo que estivesse à mão.
Para a maioria dos colonizadores, as casas seriam provavelmente assim, conforme descritas no Diálogo Quarto dos Diálogos das Grandezas do Brasil (¹), obra do começo do Século XVII:
A inconveniência das casas de madeira, cipó e sapê ficava evidente quando, por acaso, acontecia um incêndio (não era coisa incomum), porque os materiais empregados facilmente se consumiam. Cientes disso, os indígenas, sempre que empreendiam um ataque a alguma vila de povoadores, compareciam nas horas silentes da noite, com tochas que, arremessadas no alto das casas, faziam crer aos supersticiosos habitantes que chegara a ocasião da viagem ao inferno. Flechas incendiárias cumpriam o mesmo trabalho. Em consequência, as casas de madeira e palha foram, gradualmente, dando lugar a construções de alvenaria, menos suscetíveis a incêndios e, também, muito mais duráveis e resistentes aos ataques de mau humor do clima.
Para a maioria dos colonizadores, as casas seriam provavelmente assim, conforme descritas no Diálogo Quarto dos Diálogos das Grandezas do Brasil (¹), obra do começo do Século XVII:
"Já vos tenho dito das muitas madeiras que há nesta terra. Estas se mandam cortar por escravos, com as quais se alevantam casas de duas águas; e em lugar de pregos se servem de dois modos de cordas, com que se amarram e seguram as tais madeiras; [...] uma delas chamada cipó, e a outra timbó, que são tão boas e tão fortes para o efeito, que se traz por comum adágio que se não houvera cipó, não se pudera povoar o Brasil pelas diversas coisas de que se aproveitam dele. [...]." (²)A cobertura para as casas, ainda de acordo com o Diálogo Quarto, seria assim:
"[...] Esta casa armada por este modo fica também fácil a cobertura dela; porque dos mesmos campos colhem uma erva a que chamam sapê, que serve em lugar de telha, e tem de bondade ser mais quente que ela; e também de uma árvore como palma, a que chama pindova, se faz mui boa cobertura; e nestas casas alevantadas por este modo vivem nos campos muitos moradores deste Estado, posto que também as há de pedra e cal [...]." (³)O autor dos Diálogos se referia às moradias coloniais comuns nas capitanias do Nordeste; mas é sabido que em São Paulo, por exemplo, as construções do Século XVI não eram muito diferentes, e a Câmara da Vila somente se incomodou em contratar os serviços de um oleiro para a fabricação de telhas em fins daquele centênio.
A inconveniência das casas de madeira, cipó e sapê ficava evidente quando, por acaso, acontecia um incêndio (não era coisa incomum), porque os materiais empregados facilmente se consumiam. Cientes disso, os indígenas, sempre que empreendiam um ataque a alguma vila de povoadores, compareciam nas horas silentes da noite, com tochas que, arremessadas no alto das casas, faziam crer aos supersticiosos habitantes que chegara a ocasião da viagem ao inferno. Flechas incendiárias cumpriam o mesmo trabalho. Em consequência, as casas de madeira e palha foram, gradualmente, dando lugar a construções de alvenaria, menos suscetíveis a incêndios e, também, muito mais duráveis e resistentes aos ataques de mau humor do clima.
(1) Autoria atribuída, com razoável probabilidade, a Ambrósio Fernandes Brandão.
(2) BRANDÃO, Ambrósio Fernandes. Diálogos das Grandezas do Brasil. Brasília: Edições do Senado Federal, 2010, p. 225.
(3) Ibid.
Veja também:
Cipó já conhecia, mas timbó, sapê e pindova inauguraram entrada no meu vocabulário.
ResponderExcluirSempre a aprender consigo, Marta. Muito grato.
Fique bem :)
Coisas do Brasil, mas têm similares, por certo, em outros lugares. A virtude maior dos colonizadores estava, neste caso, na capacidade de adaptação.
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