sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Agripina, mãe de Nero, não era nenhuma santa

É sabido que Nero providenciou a morte de Agripina, sua mãe, primeiro com uma tentativa (fracassada) de afogamento, e depois, de um modo talvez mais prático e explícito, pela espada de seus subordinados. Mas, se o filho era péssimo, Agripina, por sua vez, não era nenhuma santa. "Tal mãe, tal filho", dirão alguns dos leitores, ou, sem prejuízo da causalidade, tal filho, tal mãe...
Apenas para contentar quem duvida da capacidade de causar dano que tinha a senhora Agripina, lá vai um episódio relacionado àquela mestra de intrigas, contado por Tácito no Livro XII dos Annales. Em poucas palavras, os leitores terão um exemplo acabado do que é perfídia.
Havia em Roma um sujeito muito rico, cujo nome era Estatílio Tauro. Esse homem era proprietário de um belíssimo pomar, que Agripina invejava e queria para si. A terrível mulher arquitetou então um plano para pôr as mãos na propriedade alheia, arranjando um cúmplice que acusou Estatílio Tauro de coisas gravíssimas, relacionadas a uma suposta improbidade quando havia exercido o cargo de procônsul na África; como se isso fosse coisa de pouca monta, juntaram-se acusações de envolvimento com magia.
Levado a julgamento, Estatílio Tauro cometeu suicídio, antes que o Senado desse o parecer final sobre o caso (em Roma, isso era muito comum). Se serve de consolo, diga-se que a decisão do Senado não foi favorável aos interesses de Agripina, mesmo porque, a essa altura, deviam ser poucos os senadores que tinham alguma simpatia por ela. De qualquer modo, é bom recordar que, pelas leis romanas, os bens de um sentenciado à morte, cometendo este suicídio, eram distribuídos segundo suas disposições testamentárias, em lugar de passar ao Estado, o que explica a atitude do ex-procônsul.


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