Cadeirinhas de arruar e liteiras podiam ser vistas nas ruas das cidades e vilas coloniais porque não estavam disponíveis meios de transporte mais eficientes, certo? Carregar pessoas em redes, então, nem se fala...
Pois vou mostrar aos senhores leitores que cadeirinhas, liteiras e redes continuaram em uso por muito tempo, mesmo quando ia bem adiantado o Século XIX e o Brasil já era, há décadas, um país independente. Ah, e não pensem que isso só acontecia em lugarejos de alguma província remota. Nada disso! Era na própria capital do Império, o Rio de Janeiro.
Vejam só, no Almanaque Laemmert de 1854 foram listados nada menos que dez endereços de "Alugadores de Cadeirinhas, Liteiras e Redes" (*), sendo um deles especializado em liteiras, enquanto um outro anunciava alugar carroças, também.
Parece-me supérfluo argumentar com a reduzida probabilidade de alguém anunciar a prestação de um serviço para o qual não houvesse uma clientela em potencial. Talvez, em meados do Século XIX, as cadeirinhas e liteiras até já estivessem em decadência, mas ainda havia gente que gostava delas, e sempre houve e continuará a existir quem resista às novidades.
(*) LAEMMERT, Eduardo. Almanaque Administrativo, Mercantil e Industrial da Corte e Província do Rio de Janeiro Para o Ano de 1854. Rio de Janeiro: Eduardo e Henrique Laemmert, 1854, p. 508.
Veja também:
Marta,
ResponderExcluirTanto cadeirinhas, liteiras ou mesmo redes, fazem parte da radiografia dum país que, muito lentamente, se foi libertando de certos espartilhos. Hoje já não cadeirinhas e outras coisas do género, a diferença vinca-se de outras formas. Aí e em qualquer parte do planeta.
Grato pela partilha.
Um beijinho :)
Talvez se tenha libertado de alguns espartilhos, é verdade, mas acabou arranjando outros. Hoje, quando o assunto é transporte urbano, ao menos em alguns lugares do Brasil as divergências estão relacionadas às áreas reservadas à circulação de bicicletas, na intenção de diminuir o número de automóveis nas ruas. Muita polêmica...
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