Quem conhece apenas superficialmente a história da antiga Roma será tentado a pensar que ela, por muitos séculos, permaneceu inexpugnável, soberana absoluta do mundo mediterrânico, até que, finalmente, veio a cair em mãos dos bárbaros. Mas não foi assim. Não foram poucas as ocasiões em que Roma foi severamente ameaçada, e que até precisou negociar uma rendição com os inimigos.
Pois bem, se ouve uma ocasião em que Roma poderia ter caído e, como potência, teria até desaparecido, foi durante as Guerras Púnicas (¹), quando Aníbal (²) e suas tropas chegaram a estar a poucos quilômetros dos muros da cidade, não muito depois de terem os romanos conquistado Siracusa, aliada de Cartago (em 211 a.C.). Sendo este o cenário do confronto, a interferência de um elemento imprevisível trouxe mudança completa ao que parecia ser o rumo normal dos acontecimentos.
O relato de Tito Lívio é impressionante, permitindo a quem o lê visualizar mentalmente o que sucedeu, estando os dois exércitos frente a frente, em formação de batalha, cabendo "Roma como prêmio ao vitorioso":
"Caiu sobre ambos os exércitos uma pesada chuva de granizo, a tal ponto que os soldados, mal podendo segurar as armas, foram forçados a retornar aos respectivos acampamentos, antes por receio da chuva que do inimigo. No dia seguinte ocorreu idêntica tempestade, separando os exércitos que, no mesmo lugar, estavam já prontos para o combate. Assim que todos retornaram aos acampamentos, o céu tornou-se miraculosamente sereno e tranquilo." (³)
Sabem os leitores que os povos da Antiguidade eram bastante supersticiosos, e, nesse aspecto, nem romanos e nem cartagineses eram muito diferentes. Aníbal, que já desistira uma vez de atacar Roma diretamente, quando poderia ter obtido sucesso, de novo protelou o enfrentamento, dizendo que, para apoderar-se de Roma, era talvez mais importante a boa sorte que uma grande capacidade bélica. É possível que ele entendesse "sorte" como uma atitude favorável dos deuses, que as tempestades de granizo pareciam negar. De qualquer modo, a oportunidade perdida não retornaria às suas mãos. Depois de confrontos encarniçados, Aníbal foi derrotado, já em território africano, na Batalha de Zama (⁴). Posteriormente, na chamada Terceira Guerra Púnica (⁵), Cartago foi completamente arrasada, fazendo os romanos tudo o que podiam até mesmo para apagar a memória de sua existência. Coube então a Roma, como vencedora, a soberania em todo o Mediterrâneo Ocidental.
(1) Contra Cartago, uma colônia fenícia no norte da África, que, tendo alcançado grande desenvolvimento, veio a ser uma potência econômica e militar.
(2) General cartaginês.
(3) Ab urbe condita libri, VI. O trecho citado é tradução de Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(4) 202 a.C.
(5) 149 - 146 a.C.
(1) Contra Cartago, uma colônia fenícia no norte da África, que, tendo alcançado grande desenvolvimento, veio a ser uma potência econômica e militar.
(2) General cartaginês.
(3) Ab urbe condita libri, VI. O trecho citado é tradução de Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(4) 202 a.C.
(5) 149 - 146 a.C.
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