A "marcha do café", nome que se deu à expansão da área em que esse produto era cultivado, indo do Vale do Paraíba à região central do Estado de São Paulo e, depois, a pontos ainda mais distantes, somente foi possível porque a expansão da malha ferroviária permitia que as safras fossem escoadas em direção ao porto de Santos, de onde eram enviadas para diversos países. Se não fosse assim, o limite para a área cultivável não seria muito elástico, porque, na época, antes que as ferrovias se implantassem, tudo o que se produzia para exportação conduzia-se aos portos nas costas de muares, em tropas, por isso, geralmente numerosas. Ora, quão longe se poderia ir nessas condições? Muito provavelmente, não muito além do que a região onde estava situada a fazenda Ibicaba, grande centro produtor de café (¹).
As ferrovias, a partir das últimas décadas do século XIX, mudaram tudo. Se a terra e o clima fossem favoráveis, podia-se ir cada vez mais longe, produzindo muito, muito café - o que, aliás, contribuiu para a desvalorização do produto, mas isso já é outra questão. Que outro impedimento poderia haver?
Havia. É que as terras mais a oeste eram habitadas. Habitadas por povos indígenas, que iam, obviamente contra sua vontade, sendo empurrados rumo ao interior, ao mesmo tempo em que, por várias razões, sua população decrescia. A revista carioca O Malho referiu-se, com sarcasmo, a esse "fenômeno" em uma edição datada de 22 de setembro de 1906 (²), conforme se pode ver abaixo:
Jorge Tibiriçá, Presidente estadual entre 1904 e 1908. (⁴) |
(1) Na época, nos limites de Limeira e Rio Claro, atual município de Cordeirópolis, SP.
(2) O MALHO, Ano V, nº 210, 22 de setembro de 1906.
(3) Os governadores de Estado eram então chamados de presidentes estaduais.
(4) VIDA MODERNA, Ano II, números 29 e 30, 25 de dezembro de 1907.
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