sábado, 23 de abril de 2011

Doces sabores da Páscoa e da gramática

Todo estudante lê muita coisa apenas para cumprir exigências acadêmicas. Não foi diferente comigo, aposto que também foi assim com você. Reler uma obra importante, sem nenhuma obrigação de fazê-lo, já é outra coisa. Um dia desses topei com este delicioso trechinho de Raul Pompeia em O Ateneu:
"A seu turno a gramática abria-se como um cofre de confeitos pela Páscoa. 
Cetim cor de céu e açúcar. Eu escolhia a bel-prazer os adjetivos, como amêndoas adocicadas pelas circunstâncias adverbiais da mais agradável variedade; os amáveis substantivos! voavam-me à roda, próprios e apelativos, como criaturinhas de alfenim alado; a etimologia, a sintaxe, a prosódia, a ortografia, quatro graus de doçura da mesma gustação. Quando muito, as exceções e os verbos irregulares desgostavam-me a principio; como esses feios confeitos crespos de chocolate: levados à boca saborosíssimos."
Ora, bem, então ocorreu-me que seria bom cumprimentar meus leitores e assinantes com essa inusitada associação entre os doces da páscoa e a gramática...
Portanto, desejo a você - leitor, assinante, seguidor - uma feliz páscoa, com ou sem gramática, mas com muito doce, especialmente chocolate. Afinal, já, já, vem a segunda-feira e, nesses dias do capitalismo, as celebrações terminam no domingo mesmo, ao contrário de antigos tempos, em que seguiam semana adentro.

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