terça-feira, 12 de abril de 2011

A Guerra Civil Americana, cento e cinquenta anos depois

Há cento e cinquenta anos, com o bombardeio do Forte Sumter, começava a Guerra de Secessão. A imprensa do mundo todo (ou pelo menos, do mundo ocidental), está lembrando o fato. Para muitos cidadãos estadunidenses, a horrenda Guerra Civil foi um marco em fazer de seu país aquilo que é hoje - uma opinião que até procede. Afinal, se considerarmos as severas disparidades entre o que se conhecia como Estados do Norte e Estados do Sul, veremos que a questão escravista ou abolicionista (aí depende do ponto de vista de cada um) era a mais apaixonante no debate político da época, mas era apenas uma dentre muitas questões, tão quentes quanto e, economicamente, até mais relevantes naquele momento.
O cinema encarregou-se, senão de criar, ao menos de reforçar o mito do Sul feliz e próspero, no qual senhores e escravos viviam em paz e harmonia, o que não é, por suposto, possível, em qualquer sistema (como no caso, o escravista), em que homens são explorados abertamente por outros homens. Mais tarde o mesmo cinema teria de mostrar a dura realidade das tentativas de segregação racial e subsequente luta pelos direitos civis. Nesse sentido, não há como negar que a Guerra deixou sequelas que ainda persistem, e só não vê quem não quer.
Um outro aspecto a ser considerado é que essa Guerra Civil, com seu saldo absurdo de seiscentos mil mortos, funcionou como autêntico laboratório do que seria uma conflagração em escala industrial. A linha de montagem da morte sepultou velhas táticas de combate, nas quais os generais sulistas eram mais que mestres, introduzindo armas de uma incrível capacidade destrutiva e lançando as bases, com os campos cravejados de soldados mortos, para o que seria o cenário de horror da Primeira Guerra Mundial.
Ao fim de tudo, sepultados os mortos (incluindo o Presidente A. Lincoln) e iniciada a reconstrução do Sul (no modelo que mais interessava aos industrialistas vencedores), sobraram ressentimentos, é verdade, mas a nação, assim "passada a limpo", foi capaz de encontrar seu caminho, bem ou mal, unificado e, durante décadas, economicamente muito vigoroso.
Na próxima postagem veremos as razões pelas quais um outro país, também ex-colônia e também escravista, seguiu um rumo muito diferente em seu acerto de contas com a escravidão.

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