No século III a.C., durante as Guerras Púnicas, os romanos vivenciaram uma desastrosa experiência: foram confrontados em campo de batalha pelos elefantes que a audácia de Aníbal, general cartaginês, conduzira até a Península Itálica, depois de penosíssima travessia dos Alpes. Representações da época fazem crer que, para a maioria dos itálicos, os elefantes eram ainda animais desconhecidos, e sua aparição ocasionou não pouco pânico. Mas parecem ter gostado, porque viriam a ter, em seus espetáculos circenses, não apenas elefantes, mas muitos outros animais, como leões e ursos, que o público adorava ver em luta uns contra os outros ou contra humanos, os gladiadores.
Mais pacíficos que os circos romanos, os zoológicos, como hoje os entendemos, começaram a espalhar-se pelas principais capitais europeias em fins do século XVIII, generalizando-se no século XIX. Isso aconteceu porque, à medida que o mundo era explorado, crescia também a curiosidade por seres exóticos, tais como elefantes, zebras e girafas. Mais remotamente, consta que um elefante, trazido a Viena em 1552, causou comoção entre o povo, mas foi em 1828 que uma girafa, vinda recentemente do Egito, quase virou a cidade no avesso, pela onda de entusiasmo que provocou. O frenesi foi de tal ordem que as luvas das madames eram estampadas de modo semelhante à pele da girafa.
Leitor, é compreensível! Na época os meios de comunicação eram precários e as viagens por terras distantes eram coisa para poucos, endinheirados e muito corajosos. Diante disso, não causa espanto que a maioria das pessoas ignorasse completamente detalhes da fauna de outras terras. E, nesse contexto, vê-se facilmente que, contrastada às espécies típicas da Europa, uma girafa podia bem parecer quase um ser de outro mundo...
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