quinta-feira, 3 de março de 2022

Venda de filhos como escravos em Roma

A escravidão, em si, já é coisa horrível. Mas vender um filho como escravo? O que dizer disso?
Não, meus leitores, não foi no Brasil, embora casos esporádicos de venda de um filho como escravo possam ter acontecido por aqui - lembram-se de Luís Gama? De acordo com Plutarco (¹), era comum em Roma, nos primeiros tempos da cidade, que um pai que eventualmente se encontrasse em dificuldades econômicas vendesse um ou mais filhos para trabalho escravo: "Era costume romano que, em caso de necessidade, os pais pudessem vender os filhos como escravos, com exceção dos que já eram casados, e desde que o casamento houvesse acontecido com conhecimento e consentimento dos pais [...]. Por esse motivo havia em Roma, entre os escravos, gente que nascera livre e que, sem culpa alguma, fora reduzida à escravidão, por decisão paterna." (²)
Foi ao falar de Numa Pompílio, que os romanos diziam ter sido o segundo rei de Roma, que Plutarco referiu essa sórdida prática, que, é preciso dizer, não foi propriamente incomum na Antiguidade, entre diversos povos. Não era crueldade exclusivamente romana, portanto (³). Numa, descrito por Plutarco como homem de grande virtude, decidiu interferir no assunto e pôs fim à escravização de filhos por vontade dos pais. 
A escravidão, como sistema de trabalho, não foi muito expressiva nos primeiros séculos de Roma, mas ganhou força e se impôs a partir das grandes conquistas militares. Inimigos derrotados em combate foram escravizados e se tornaram a principal força de trabalho durante a República e o Império. 

(1) c. 45 - 125 d.C.
(2) PLUTARCO. Vitae parallelae. O trecho citado foi traduzido por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias
(3) É sabido que a venda de filhos como escravos (ao menos temporariamente) acontecia entre outros povos, e não é improvável que, de fato, ocorresse em Roma, mesmo havendo alguma incerteza quanto aos eventos relativos ao período da realeza.


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