Quem olha da rua para este prédio em Itu (¹), interior de São Paulo, não conhecendo seu significado, dificilmente lhe dará muita atenção. Aí, porém, aconteceu em 18 de abril de 1873 a Convenção de Itu, que impulsionou o movimento de luta pela implantação de um regime republicano no Brasil, mediante a óbvia supressão da monarquia que vigorava desde a Independência. .
Local da Convenção de Itu, atualmente Museu Republicano |
Embora tenha atraído republicanos de várias localidades, quase todas da Província de São Paulo, o evento, em si, nada teve de estupendo, se comparado ao que acontece, atualmente, em convenções partidárias. Para a época e para as proporções do local em que ocorreu, contudo, a Convenção foi grandiosa. É difícil até de crer que lá coubesse, simultaneamente, toda a gente que compareceu. Como as condições para viagens fossem, nesse tempo, ainda difíceis, entende-se que muitos convencionais tenham vindo de cidades próximas, como Sorocaba, Porto Feliz, Indaiatuba, Piracicaba e Campinas, por exemplo. Nas palavras de Affonso de E. Taunay, "depois de uma reunião preparatória a 17 de janeiro de 1872, efetuou-se no ano seguinte, a 18 de abril e em Itu, a tão conhecida Assembleia a que se deu o nome de Convenção de Itu. A ela concorreram cento e trinta e três representantes de dezesseis municípios" (²). Esses representantes eram todos do sexo masculino - o senso comum da época ditava que mulheres não deviam dar palpite quando o assunto era política (o que não significa, porém, que eventualmente não o fizessem, e que não tivessem opiniões próprias).
Depois de anos de guerra contra o Paraguai, o Brasil estava em paz, ao menos no âmbito externo. No entanto, o conflito armado, a despeito da vitória brasileira, expôs fraquezas do Império e acendeu o debate em torno da questão do regime que deveria ser adotado no Brasil. Sim, já havia republicanos antes da guerra, mas agora o assunto ganhava outra proporção. Através da imprensa e nos clubes republicanos que foram surgindo, argumentava-se que o Brasil estava em descompasso com o restante da América, por ser Império em meio a Repúblicas. Pesava, também, o aspecto econômico, porque alguns setores da sociedade entendiam que as velhas estruturas imperiais já não eram capazes de enfrentar com sucesso os desafios impostos pela conjuntura internacional em relação aos produtos brasileiros de exportação, de natureza agrícola e/ou extrativista. Portanto, não é surpresa que, entre os que compareceram à Convenção, os cafeicultores fossem maioria.
A partir da Convenção de Itu, com a fundação do Partido Republicano Paulista (PRP) e com o surgimento de partidos semelhantes em outras províncias, o movimento pelo fim do Império ganhou corpo, passou a frequentar conversas nas ruas e nas casas e, finalmente, resultou na proclamação da República em novembro de 1889, embora por um caminho algo diferente daquele era a imaginação provável dos senhores convencionais de 1873.
(1) Atualmente, Museu Republicano.
(2) TAUNAY, Affonso de E. História da Cidade de São Paulo. Brasília: Ed. Senado Federal, 2004, p. 308.
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O sentido da República parece-me o caminho mais natural, mas, não querendo abusar do tempo e da paciência da Marta, gostaria de saber mais sobre o papel dos cafeicultores nesse desiderato. É possível?
ResponderExcluirUma boa semana, Marta :)
É certo que sim. Assim que possível, prepararei um texto sobre o assunto.
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