Mulher romana desconhecida (¹) |
A dita senhora, porém, foi peremptória na recusa em constituir representante. Foi ao senado - espanto geral - para se defender, e o fez muito bem, em um arrazoado irrefutável. Os sisudos patres familias assistiam de olhos arregalados e boca aberta. O que seria aquilo?
Os romanos supunham que, em público, as mulheres deveriam sempre permanecer em silêncio, em tudo obedientes, jamais fazendo sombra ao marido, pai ou outro homem que, legalmente, estivesse em posição de autoridade. Portanto, no dizer de Plutarco (²), o espanto foi tão grande, que se decidiu, imediatamente, fazer uma consulta aos oráculos que falavam pelos deuses (³): "[...] O senado mandou consultar os oráculos quanto ao significado daquele prodígio, por uma mulher ter ousado falar por si mesma, estando convencidos [os senadores] de que esse fato inédito e inimaginável era prenúncio de algum evento que, em pouco tempo, afetaria Roma" (⁴). Entenda-se que prodígio, no conceito romano, era qualquer fenômeno espantoso e considerado de caráter preditivo quanto a acontecimentos importantes. Eram prodígios, por exemplo, o aparecimento de algum cometa ou o nascimento de um animal com duas cabeças. Mulheres falantes no senado, portanto, entravam na mesma categoria.
(1) HEKLER, Anton. Die Bildniskunst der Griechen und Römer. Stuttgart: Julius Hoffmann, 1912, p. 206.
(2) c. 45 - 125 d.C.
(3) Plutarco referiu esse incidente ao traçar a biografia de Numa Pompílio.
(4) PLUTARCO. Vitae paralellae. O trecho citado foi traduzido por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
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Muito interessante! Não conhecia o caso.
ResponderExcluirEpisódio bastante revelador quanto à situação das mulheres em Roma, concorda?
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