Comparando os costumes dos romanos aos dos gregos de Esparta, Plutarco (¹), que viveu entre os séculos I e II, observou que, por determinação atribuída a Licurgo, as jovens espartanas apenas se casavam quando já estavam fisicamente adultas. Não era assim entre os romanos: "Os romanos costumeiramente casam as filhas quando chegam aos doze anos, e, às vezes, até antes disso" (²).
A razão para essa prática, segundo Plutarco, se encontrava nas leis instituídas pelo rei Numa Pompílio, figura semilendária que teria exercido o governo de Roma depois da desaparição de Rômulo. O modelo de casamento proposto por esse rei, assim como suas ideias em relação à conduta das mulheres, seriam explicação para a entrada precoce das jovens na vida conjugal: Numa "ensinou que [as mulheres] deviam estar sempre sóbrias e ter vida moderada, quis que se habituassem a guardar silêncio e a não fazer uso de vinho, de modo que, para uma mulher romana, beber era indecente" (³).
Duas razões justificariam o casamento aos doze anos:
1. Nas palavras de Plutarco, "os romanos achavam perigoso que virgens já crescidas permanecessem em casa dos pais [sic]" (⁴);
2. Quando a mulher se casava cedo, o marido poderia educá-la como quisesse, de modo a satisfazer suas preferências e interesses: "havia oportunidade para afeiçoá-las aos hábitos do marido, moldando-as como queriam, como se fossem de cera [sic!!!]" (⁵).
Romana não identificada (⁶) |
Muitos costumes romanos permaneceram ativos no Ocidente, mesmo quando Roma, enquanto império, já havia desaparecido há muito tempo. Querem uma prova, leitores? Muitos exemplos poderiam ser citados, mas basta um. O que me dizem da estrutura familiar predominante no Brasil Colonial, nos grandes engenhos de açúcar, em que os senhores, como regra, exerciam um férreo patriarcado?
(1) c. 45 - 125 d.C.
(2) PLUTARCO. Vitae parallelae.
(3) Ibid.
(4) Ibid.
(5) Ibid. Todas as citações de Vitae parallelae foram traduzidas por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(6) HEKLER, Anton. Die Bildniskunst der Griechen und Römer. Stuttgart: Julius Hoffmann, 1912, p. 286. A imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.
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