Os antigos babilônios eram em extremo supersticiosos. Apaixonados por investigar o céu, fizeram descobertas notáveis, mas, ao mesmo tempo, tomaram por verdadeiras certas crendices que hoje até nos fazem rir. Uma fórmula de encantamento que muitos lábios na Babilônia devem ter repetido dizia assim: "Que Marduk nos livre do cão, da serpente, do escorpião [...] e de qualquer coisa que seja maléfica."
Expliquemos: Marduk era a principal divindade do panteão babilônico. Que alguém quisesse ser poupado da picada de serpentes e escorpiões, logo se entende; Mas cães? Por quê?
Ora, meus leitores, se ficaram surpresos é porque veem os caninos como criaturinhas meigas que espalham pelos, destroem almofadas, arranham móveis e tapetes e mastigam sapatos, sendo, portanto, os melhores amigos da humanidade. Sejamos justos: eles nos fazem companhia e, no caso de algumas raças (*), são capazes de realizar excelente trabalho, seja vigiando casas e rebanhos, auxiliando no resgate na água e na neve, puxando trenós, participando do policiamento, guiando cegos ou ajudando pessoas com limitações de movimentos.
Não era isso que um babilônio típico pensava sobre os cães. Para os camponeses, em particular, cães, nesse tempo, eram animais semisselvagens, que quase sempre formavam matilhas que compartilhavam alguns hábitos das alcateias e, à semelhança dos lobos, tinham o péssimo costume de atacar rebanhos, sendo, portanto, odiados por pastores de ovelhas e de cabras. Além disso, esses cães, quando esfomeados, eram perfeitamente capazes de atacar, também, algum humano que, solitário e incauto, percorria um caminho deserto. Entende-se, pois, que, ao cuidar de rebanhos ou antes de uma viagem, babilônios recorressem ao dito encantamento, no qual se invocava a proteção de Marduk contra seres capazes de malefícios - cães, entre eles.
(*) Levou tempo para que diferentes raças ganhassem um padrão definido, por ação humana, através da seleção de características consideradas desejáveis. O Século XIX foi marcante nesse processo de formalização levado a efeito por associações de criadores.
Veja também:
Outros tempos, outras variáveis, outras considerações.
ResponderExcluirGrato pela informação, Marta, é sempre bom viajar no tempo para melhor perceber aquilo que nos rodeia.
tenha uma boa semana :)
Obrigada por mais uma visita ao blog. Tenha uma ótima semana!
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