terça-feira, 14 de maio de 2019

Trezentas cabeças de lobo

Com justiça ou sem ela, lobos são ícones da perversidade. O olhar lupino, sagaz e perscrutador, é mesmo feito para congelar o sangue dos mais valentes. Imagine-se, então, quando a ameaça vem, não de um lobo, apenas, mas de alcateias! 
A coisa é tão séria que, a cada inverno, um ou outro país acaba autorizando, mesmo em nossos dias, a caça restrita de lobos, seja porque atacam rebanhos, ou porque ameaçam povoações isoladas. Imagine-se o que seria, então, na Europa Medieval, com o povoamento menos denso, as dificuldades de comunicação e os caminhantes obrigados a se deslocarem, às vezes sob frio intenso, por rotas quase desertas, a não ser, talvez, pelos lobos famintos que perambulavam à espera de uma refeição.
Acham que estou exagerando, leitores? Posso provar que não. Aconteceu na segunda metade do Século X, quando Edgar I era rei da Inglaterra. Nessa época, inúmeras alcateias vagueavam pela Grã-Bretanha, constituindo-se em verdadeira ameaça à segurança da população. Foi aí que o rei teve uma ideia que, àquela altura dos acontecimentos, soou brilhante, ainda que, para nós, hoje, talvez pareça exageradamente antiecológica: determinou que o imposto anual a que os galeses estavam sujeitos fosse pago com trezentas cabeças de lobo. Querem saber o resultado? Em cerca de quatro anos o "problema dos lobos" desapareceu. Que governo eficiente!...


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