Estrabão está entre aqueles autores da Antiguidade cujas obras em grande parte se perderam e, portanto, delas só conhecemos a existência através de citações. Foi assim com sua História, por exemplo. Que coisa triste! Mas sua Geografia sobreviveu, e é de um trechinho dela que hoje trataremos.
Antes porém, uma palavrinha sobre esse autor. De família grega abastada, viveu entre os Séculos I a.C. e I d.C. Estudou em Roma e viajou bastante, condição necessária, na época, para quem pretendia escrever seriamente sobre outros povos e culturas, descrevendo com propriedade o lugar em que viviam. Por ter visitado Alexandria e lá permanecido durante alguns anos, é certo que teve acesso à famosíssima biblioteca que lá havia, maior depósito do saber em seu tempo.
Ora, sua origem grega explica, por certo, a maneira como enxergava os governos (¹). Disse ele, referindo-se a quem mandava nos diferentes Estados: "[...] ao governo em alguns Estados damos o nome de monarquia ou realeza, em outros dizemos aristocracia. e a um terceiro [tipo], democracia." E, mais adiante: "Em um é lei o que o rei deseja, em outros a vontade da aristocracia predomina e, em outros, ainda, faz-se a vontade do povo." (²)
Simples e direto, apesar de não abrangente, Estrabão falava, neste caso, daquilo que sua experiência permitia interpretar, embora seja possível que, mesmo conhecendo outros tipos de governo, julgasse que, em última análise, fosse razoável agrupá-los sob um dos três que citou (³). Isso mostra que há coisas neste mundo que só podem ser devidamente compreendidas algum tempo depois que aconteceram. Então, leitores, já sabem por que é importante conhecer e investigar o passado?
(1) Para evitar qualquer confusão com a classificação das formas de governo usual na atualidade é que aqui falo em "tipos" e não em formas de governo.
(2) ESTRABÃO, Geografia, Livro I. Os trechos citados foram traduzidos por Marta Iansen, para uso exclusivamente no blog História & Outras Histórias.
(3) Talvez fosse o caso, para exemplificar, da diarquia que vigorara em Esparta, ou da tirania, vivenciada, esporadicamente e ainda que contra a vontade da maioria, por algumas cidades-Estado da Grécia na Antiguidade. é provável que o tirano fosse visto como uma anomalia política, e não como um governante ideal.
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