Cães são companheiros dos humanos desde tempos remotos, tanto no nomadismo como na sedentarização. Foram, e às vezes ainda são, ocupados em tarefas árduas, como cuidar de rebanhos, proteger pessoas, colaborar em caçadas, puxar trenós e auxiliar forças policiais. Não é pouco, e, no desempenho de tantas ocupações, cães precisavam frequentemente viajar com seus humanos, o que significava, quase sempre, ir a pé, ou seja, com as próprias patas.
Na Antiguidade, os assírios, que amavam caçadas e eram notáveis artistas, deixaram registrada em relevos a participação de cães na vida diária, convivendo com um povo que levava a paixão pela guerra às últimas consequências. Não é surpresa, portanto, que cães fossem incluídos entre as forças de combate, como se infere por este relevo (¹), em que um soldado, portando lança, tem ao lado um cão em atitude ameaçadora:
Já nas duas imagens seguintes (²), vêm-se cães em perseguição a um jumento selvagem. São cenas de uma caçada:
Mas deixemos de lado os assírios e suas feras caninas. Vamos ao Rio de Janeiro do Século XIX, ainda nos dias do Império, e ali encontraremos cães que viajavam, não a pé, mas em navios. A informação vem do Almanaque Laemmert de 1852, em que se explicava que cães que viajavam em embarcações da Real Companhia de Paquetes de Vapor Entre Southampton, Brasil e Rio da Prata pagavam a oitava parte da passagem cobrada dos respectivos donos. Como é óbvio, os respectivos donos é que pagavam pelos cães. Nada mais justo, já que os humanos queriam ter a companhia, em viagem, de tão destacados amigos.
(1) LAYARD, Austen Henry. Nineveh and Babylon. London: John Murray, 1882, p. XXIII.
(2) Ibid., p. XXVII. As imagens foram editadas para facilitar a visualização neste blog.
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