quinta-feira, 13 de maio de 2021

Como a notícia da abolição definitiva do trabalho escravo chegou a São Paulo

A cidade de São Paulo aboliu a escravidão dentro de seus limites em 25 de fevereiro de 1888. Antes ou pouco depois, muitas outras localidades fizeram o mesmo. Era preciso, no entanto, uma lei que suprimisse de vez o trabalho escravo em todo o país, e ela veio, todos sabem, em 13 de maio de 1888. O que talvez se tenha esquecido é que o abolicionismo assumira um caráter de movimento nacional e, ressalvadas as condições da época, pode ter sido um dos maiores, se é que não o mais intenso movimento que o Brasil já experimentou.
Naquele dia, um domingo, era grande a agitação popular em São Paulo, enquanto se aguardavam notícias do Rio de Janeiro, capital do Império. Na edição de dois dias mais tarde, o Correio Paulistano noticiou:
"Anteontem, na capital, com indescritível entusiasmo foi recebida a notícia da sanção da lei da abolição dos escravos.
Diversos grupos e pessoas estacionavam dentro e em frente das redações dos jornais, esperando ansiosamente, desde 11 horas da manhã, a grande notícia.
Às 2 horas e meia foi que se espalhou por telegrama recebido a notícia de que estava para todo o sempre extinta a escravidão no Brasil.
O entusiasmo tocou então ao auge do delírio e inúmeros foguetes subiram aos ares durante o espaço de uma hora.
Por todas as ruas centrais da cidade, desde essa hora, condensava-se cada vez mais a população de S. Paulo.
Notava-se naquela multidão desusada e estranha alegria. [...]" (*)
Horas mais tarde, após anoitecer, as comemorações prosseguiram, com discursos, festas e outras manifestações. O mesmo sucedeu nos dias seguintes. Estava por começar, todavia, a tarefa que ainda hoje não se concluiu, de desfazer, até onde possível, os problemas ocasionados por séculos de escravidão.

(*) CORREIO PAULISTANO, Ano XXXIV, nº 9511, 15 de maio de 1888.


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2 comentários:

  1. Boa tarde minha querida amiga. Esse é um tema que precisa ser falada, para não ser esquecido e não repetirmos o mesmo erro. Obrigado pela visita e carinho.

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    1. Olá, Luiz, você está certíssimo: é preciso não repetir os erros do passado, ainda que eles tentem reaparecer com trajes do Século XXI.

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