quinta-feira, 6 de maio de 2021

Cabelos, longos cabelos na Antiguidade

Dama romana com penteado elaborado (¹)
Longos cabelos são um símbolo de força, certo? Ao menos na Bíblia parece que sim. É só notar o exemplo de Sansão, ou talvez de Absalão, o belo e complicado filho do rei Davi. 
Entre os romanos, conforme relato de Políbio de Megalópolis em sua História, quando a cidade sofria uma ameaça grave, era costume que as mulheres, indo em massa aos templos, fizessem promessas aos deuses e varressem o piso com os próprios cabelos. É dito que esse ritual teria acontecido, por exemplo, quando os cartagineses, sob a liderança de Aníbal, chegaram bem perto de Roma.
Por outro lado, as mulheres de Cartago, segundo Floro (²), teriam, durante a Terceira Guerra Púnica (³), cortado os cabelos para que fossem usados na confecção de cordas indispensáveis às máquinas de guerra. Em ambos os casos, pode-se atribuir ao patriotismo das mulheres a disposição em sacrificar os longos cabelos, mas, pela lógica vigente na Antiguidade, era também questão de sobrevivência, fosse para prover material bélico quando havia muita escassez, fosse pelo recurso aos deuses, quando os homens, na frente de batalha, não pareciam ser capazes de dar conta do recado.
Mais tarde, quando os romanos, pelo afluxo de riquezas decorrentes das conquistas, tornaram-se grandes amigos do luxo e do conforto, os cabeleireiros, que nos primeiros tempos de Roma não eram profissionais muito procurados, passaram a ser indispensáveis. Frequentando os banhos públicos, os romanos, fossem homens ou mulheres, aprenderam a gostar de ter os cabelos devidamente tratados, o que incluía não só o corte, se necessário, mas o uso de coisas supostamente favoráveis à beleza, além de perfumes, geralmente trazidos de longe por mercadores, como era o caso da canela, muito valorizada.

(1) HEKLER, Anton. Die Bildniskunst der Griechen und Römer. Stuttgart: Julius Hoffmann, 1912, p. 244.
(2) Epitome rerum Romanarum, Livro II. 
(3) 149 a.C. - 146 a.C.


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4 comentários:

  1. Curiosamente, ainda hoje é muito utilizada a expressão, aquando dum confronto entre rivais, quando um "espevita" o outro:
    - Estás a levantar cabelo, ou quê?
    Perante isto, tenho um lamento a fazer: coitados dos calvos.

    Um bom domingo, Marta :)

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    1. Os calvos têm uma vantagem durante esta pandemia: não têm de se preocupar quanto a onde cortar os cabelos, porque cabeleireiros e/ou barbeiros não estão funcionando por causa do lockdown.
      Tenha uma ótima semana. Espero que o rouxinol continue por aí...

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  2. Há sempre o lado bom da questão, ser calvo até virou moda nalguns epicentros.
    O rouxinol continua por aqui, parece ser uma visita permanente. No final de Maio, provavelmente, ganhará novas rotinas.

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    1. Como aqui é outono, as aves que migram (andorinhas, por exemplo), já se foram, no rumo do Canadá, onde irão nidificar. Mas as aves nativas andam em muita alegria, porque as árvores estão cheias de frutas. Hoje acordei com a gritaria de três araras-canindé, que tentavam se equilibrar em uma única folha de coqueiro, perto da piscina.

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