Do que o homem mais poderoso de Roma, talvez o mais poderoso do mundo em seu tempo, poderia ter medo? Que coisa seria tão pavorosa, a ponto de levá-lo a buscar um esconderijo? Seriam as agitações populares? Talvez a possibilidade de exércitos coligados de potências estrangeiras?
Nada disso. Augusto (¹), ou, se preferirem, Gaius Iulius Caesar Octavianus Augustus tinha medo de trovões e raios - foi Suetônio (²) quem disse, no Livro II de De vita Caesarum.
Ao que parece, nem sempre fora assim. Acontecera certa vez a Augusto, durante uma marcha militar noturna, ver a queda horripilante de um raio, e, desde então, tomava-se o imperador de medo ao menor indício de que uma tempestade se aproximava. Como naquele tempo não havia nada que se parecesse com uma terapia para essas situações, o grande Augusto tinha um truque, que era ter sempre à mão uma pele de foca, acreditando, como muitos contemporâneos, que ela era imune aos raios. Mas, se confiava nela, por que se escondia?
(1) 63 a.C. - 14 d.C.
(2) 69 - 141 d.C.
Fixo-me na frase com que termina o eloquente texto e não deixo de pensar que, por mais poderoso que seja o homem, há sempre dentro dele o medo do desconhecido. Em suma, Augusto poderia controlar tudo o que se passava no seu mundo terreno, mas, no que toca àquilo que ele estava bem longe de controlar, já outro galo cantava.
ResponderExcluirUm bom fim-de-semana, Marta :)
E não é sempre assim com a humanidade, quer reconhecendo as limitações, quer não?
Excluir