No final do Século XIX o mundo parecia estar ficando mais rápido, não no giro do planeta, é claro, mas no modo de vida dos seus habitantes. Composições ferroviárias e automóveis, por exemplo, permitiram deslocamento mas rápido e, por isso mesmo, mais frequente de pessoas, sem falar no desenvolvimento do transporte de cargas. Foi aí que alguém teve a ideia de acelerar a entrega de telegramas no Rio de Janeiro usando bicicletas. A notícia apareceu no jornal especializado Semana Sportiva, edição de 8 de setembro de 1900:
"Começou no dia 1º do corrente o serviço de estafetas ciclistas da repartição telegráfica da Estrada de Ferro Central do Brasil, sob a direção do Sr. Luiz Rouanet.
Corretamente uniformizados, dispondo de excelentes máquinas e sujeitos a um regulamento severo, os novos estafetas provarão à evidência, a importância desse grande melhoramento para o público, que receberá com presteza os telegramas que lhe forem dirigidos.
No meio da indiferença geral dos poderes públicos para com o ciclismo, esse fato é digno de ser registrado como confissão de que a bicicleta está apta a desempenhar papel proeminente, além de simples esporte, o que tem aliás acontecido nos principais países da Europa e da América, tendo sido mesmo adotada em vários exércitos, com excelentes resultados.
Vimos anteontem na redação d'A Notícia um estafeta ciclista que lhe levou da Central um despacho em três minutos!" (¹)
Era rápido e, para os padrões da época, muito eficiente. Não dependia de nenhum combustível (²). Como é que ninguém pensou nisso antes?
(1) SEMANA SPORTIVA, nº 401, 8 de setembro de 1900.
(2) Bastava o suor dos ciclistas que entregavam telegramas e a manutenção regular das bicicletas.
Veja também:
Embora em micro-escala, a bicicleta, por se esgueirar facilmente perante os automóveis, é hoje utilizada nalgumas grandes metrópoles para entrega, em mão, de mensagens, documentos, encomendas, pizzas e muitas outras coisas.
ResponderExcluirEm suma, por mais que o mundo avance, há soluções que nunca passam de moda.
Fique bem, Marta.
Bicicletas são ecologicamente corretas e ajudam a fazer exercício. Gosto delas, mas reconheço que, em meio ao trânsito caótico de algumas grandes cidades, ciclistas correm muito risco. Concordo, porém, que não saíram da moda, e acho que não sairão. Ainda não inventaram nada que as substitua.
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