Javalis são perigosos; uma fêmea com filhotes, perigosíssima. Augusto, o imperador romano, teve seu dia de confrontar um javali. Lembrem-se, leitores, de que na Antiguidade os animais selvagens podiam ser uma ameaça real, mesmo nas imediações dos centros urbanos.
Augusto saiu a passeio com Diomedes, seu administrador (¹) que, de acordo com Suetônio (²), diante da aparição de um javali de aspecto bravio no caminho, desatou a correr, deixando que o imperador se entendesse com a fera. Sucede que disso nada resultou, mas, pelas regras da época, Diomedes cometera um crime gravíssimo. No entanto, longe de se zangar, o imperador, passado o susto, preferiu simplesmente zombar da covardia do servidor, entendendo que agira movido pelo medo e não por maldade.
Javali, de acordo com uma obra do Século XVI dedicada à descrição de animais (⁴) |
(1) Provavelmente um liberto, ou seja, um ex-escravo.
(2) De vita Caesarum, Livro II.
(3) Ibid.
(4) GESNER, Conrad. Icones Animalium Quadrupedum Viviparorum et Oviparorum. Zürich: Christof Froshover, 1560, p. 82.
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A falta de Diomedes era leve, risível. Já na segunda situação, o imperador tinha que ser exemplar, caso contrário qualquer um se podia sentir acima da lei. E, para que não houvesse tentações...
ResponderExcluirMarta, um bom final de sábado.
Estou de pleno acordo. Sucede, porém, que nossos critérios, que entendemos judiciosos, nem sempre correspondem aos que regiam a relação entre os que mandavam e os que obedeciam na Antiguidade. Quase sempre, quanto maior era o poder, maiores as arbitrariedades.
ExcluirUm abraço. Que a semana que entra seja ótima!