segunda-feira, 21 de março de 2016

Produção e exportação no Brasil Colonial

A prioridade no Brasil, desde os primeiros tempos coloniais, era produzir para exportação. Mercado interno, quase não havia, e mesmo que houvesse, sem vias e meios de transporte adequados seria impraticável interiorizar a produção. Com isso, parecia sábio que o extrativismo ou a monocultura ocorressem perto do litoral. As embarcações transoceânicas viriam aos portos, as mercadorias seriam embarcadas, exportadores e comerciantes teriam, respectivamente, a sua parcela nos lucros. Nem é preciso lembrar que essa dinâmica, em razão dos impostos, era muito interessante para a Coroa.
Quase todos os colonizadores que vinham ao Brasil tinham um sonho louco, que não receavam confessar - queriam enriquecer o mais rápido possível e, então, como triunfadores, voltar ao Reino, para desfrutar a riqueza acumulada. Poucos, no entanto, conseguiam, mas entendia-se que o caminho para isso era encontrar alguma coisa, extraída ou cultivada, que pudesse ser vendida na Europa por preço compensador. Foi assim com madeiras nobres, com aves e pequenos animais exóticos, e com o açúcar, à medida que canaviais e engenhos começavam a aparecer junto à costa.
Por outro lado, havia restrições e/ou proibições à exportação de mercadorias que pudessem fazer concorrência àquelas que eram trazidas do Oriente. Durante longo tempo as atividades econômicas no Brasil foram tratadas como complemento ao que se produzia no Reino ou nas "Índias". Isso valia, também, no sentido contrário, ou seja, havia regulamentos que obrigavam os residentes no Brasil à importação de determinados artigos, ainda que fosse perfeitamente possível sua produção por aqui mesmo. Quem detinha o monopólio (concedido pela Coroa) acabava vendendo produtos importados a preços exorbitantes. Tantas imposições acabavam, uma vez ou outra, degenerando em rebeliões localizadas.

Embarcações à vista da Bahia (*)

Ora, em conjunto, esses fatos resultaram em um foco no comércio exterior, que prevaleceu após a Independência, seguiu firme nas décadas do Império e invadiu o Período Republicano. A atenção a um nascente mercado interno, ainda que modesto, somente ganharia corpo com a urbanização (que, um pouco preguiçosamente, tratou de aparecer no começo do Século XX), com a ajuda nada desprezível de crises externas, que favoreceram a produção nacional mediante a chamada substituição de importações.

(*) O original pertence à BNDIgital; a imagem foi editada para facilitar a visualização neste blog.


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