sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Superstições dos gregos da Antiguidade

Se devemos crer naquilo que Hesíodo escreveu, provavelmente entre os Séculos VIII e VII a.C., os gregos de seu tempo eram gente muito supersticiosa, sem disso excluir o próprio Hesíodo. 
Como chegamos a esta conclusão?
Simplesmente correndo os olhos por Os Trabalhos e os Dias, obra na qual encontramos uma grande quantidade de conselhos destinados a tornar próspero o labor de agricultores e navegantes. Ocorre que qualquer pessoa sensata que leia as ditas orientações logo perceberá que, entre elas, há algumas coisas que não passam de lorotas, no melhor dos casos. Mas isso é o que pensamos nós, que vivemos depois de milênios de desenvolvimento científico. Os gregos dos dias de Hesíodo deviam crer que suas superstições correspondiam à realidade, ou não haveria qualquer razão para que fossem repetidas e até registradas por escrito.
Sei perfeitamente que aqueles dentre meus leitores que chegaram até aqui estarão, agora, quase a dizer: mas, afinal, que superstições eram essas?
Já verão, senhores leitores, pois vem a seguir um boa seleção. Podem ler e reler, tentando descobrir se há algum fundamento para elas.
  • É preciso lavar as mãos antes de atravessar um rio, pois os deuses detestam e fazem vir desgraças àquele que o faz com mãos impuras.
  • Para evitar infortúnios, ninguém deve comer ou lavar-se em recipientes que não tenham sido antes consagrados aos deuses.
  • É de mau agouro ter relações sexuais após voltar de um sepultamento, sendo porém apropriado fazê-lo com a intenção de procriar quando se regressa de um banquete em honra aos deuses.
  • Não se deve colocar sobre móveis sagrados um menino de doze dias, pois isto o tornará um homem incapaz de gerar filhos. Vale o mesmo para um menino de doze meses.
  • Um indivíduo do sexo masculino jamais deve lavar-se onde se banham as mulheres, se quer evitar que venha sobre si uma grande maldição.
Outras recomendações incluíam não lançar semente à terra no décimo terceiro dia do mês e não plantar árvores no décimo sexto. O décimo dia seria bom para quem queria gerar um filho do sexo masculino, enquanto que, para quem queria ter uma filha, o dia favorável seria o décimo quarto do mês. 
Estão cansados, leitores? Já termino. A melhor data para um casamento seria no quarto dia do mês, "desde que se consultassem os prognósticos das aves". No entanto, era preciso grande cuidado com o quinto dia, considerado o mais desfavorável a um matrimônio. 
Chega!
Achamos graça em tantas tolices. Será prudente, todavia, aquele que se abstiver de rir dos antigos gregos, não seja o caso de andar em perfeita obediência a alguma das superstições que ainda correm mundo, mesmo no Século XXI. Como é mesmo aquela história de passar embaixo de uma escada?


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