Por sua importância na alimentação de livres e escravos, o feijão recebia, antigamente, um nome muito curioso, de acordo com o que escreveu o segundo barão de Paty do Alferes, Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, em sua Memória Sobre a Fundação e Custeio de uma Fazenda na Província do Rio de Janeiro:
"É este um alimento tanto mais sadio quanto necessário, e do qual um lavrador não deve deixar de ter a sua tulha bem sortida; serve ele para a principal alimentação dos trabalhadores e para o prato quotidiano das nossas mesas, dando-se-lhe o nome vulgar de pai da casa." (*)
Nos tempos coloniais, o feijão era o alimento mais frequentemente preparado para "pessoas comuns", nas viagens marítimas do Brasil ao Reino; era também importantíssimo na alimentação dos monçoeiros, de cujos hábitos em jornada nasceu o famoso "virado à paulista", preparado com farinha de mandioca e, quando possível, com outros ingredientes, como temperos.
Sendo guardado da umidade, o feijão conserva-se bem por um longo período, daí sua enorme utilidade, em tempos nos quais as técnicas de preservação de alimentos não eram as mais eficazes. Conforme menciona o Barão de Paty do Alferes, no trecho acima citado, era, em algumas regiões, a "principal alimentação dos trabalhadores" - dos escravos, entenda-se -, com a adição de farinha (de milho ou mandioca) e de alguma sobra de carne. Vejam, a feijoada estava a caminho!
(*) WERNECK, Francisco Peixoto de Lacerda. Memória Sobre a Fundação e Custeio de uma Fazenda na Província do Rio de Janeiro 2ª ed. Rio de Janeiro: Laemmert, 1863, p. 89.
"Pai da casa" é um nome realmente apropriado. Ainda hoje o feijão é extremamente importante no Brasil. O meu filho, apesar de só ter morado aí um ano, ficou super fã (especialmente do feijão preto) e pede-me frequentemente para cozinhar.
ResponderExcluirBeijinhos, uma linda semana
Ruthia d'O Berço do Mundo
Detesto feijão preto, argh...
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