Muito do conhecimento obtido por povos da Antiguidade provinha da observação de fenômenos que ocorriam na natureza e, embora quase sempre uma divindade fosse associada ao que acontecia, a depuração de tudo isso resultou em um corpo de informações razoavelmente corretas, que estabeleceram as bases para o que, no futuro, viria a ser chamado de ciência, ao menos pelos nossos padrões. É o caso, por exemplo, da constatação das datas dos solstícios de verão e inverno, com o consequente estabelecimento de calendários.
Há quem se pergunte como era possível que povos "tão primitivos" fossem capazes de determinar, com alguma precisão, as datas dos solstícios, mas, como veremos, a coisa não é tão complicada quanto parece.
É fácil verificar que eram muito numerosos os povos que tinham festividades, geralmente englobando aspectos religiosos, para celebrar a passagem dos solstícios, particularmente o de verão, e a razão para isso é que não era preciso um alto grau de sofisticação técnica para descobrir as datas corretas - bastava, como instrumental, somente uma vareta fixada verticalmente no solo, sobre a qual incidia a luz do sol ao meio-dia, projetando uma sombra que variava ao longo do ano. Foi assim que constatou-se que a sombra chegava à sua menor extensão em data correspondente ao solstício de verão, voltando a crescer e atingindo sua máxima extensão por ocasião do solstício de inverno.
A partir daí, leitor, era relativamente simples chegar-se ao estabelecimento de um calendário, bastando, para isso, fazer a contagem dos dias que transcorriam de um solstício de verão a outro. Feita a conta, chegava-se a aproximadamente 365 dias, razão pela qual tantos calendários do passado têm esse número de dias ou algo semelhante a ele como seu ano-base. Evidentemente esse número, ainda que próximo da realidade, não é exato, daí surgindo a necessidade de algum fator de correção, que a continuidade das observações acabou por proporcionar a muitas civilizações, como os meses intercalares que se incluíam na contagem do tempo.
Haveria outras formas de determinação de um calendário? Sim, com menor precisão. Um ótimo exemplo é o que se relata a respeito de vários povos indígenas do Brasil, que, ao que parece, desconheciam os cálculos dos solstícios de verão e inverno, mas determinavam a passagem do tempo pela época do ano em que amadureciam determinadas frutas. Além disso, as fases da Lua eram também importantes para determinar o correr do tempo.
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