terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A questão dos instrumentos musicais em museus

A maioria dos museus de cidades do Estado de São Paulo tem, em seu acervo, um ou mais instrumentos musicais. São, em geral, instrumentos que pertenceram a algum músico de destaque na cidade e, depois de sua morte, ficam expostos ao público, como uma espécie de homenagem. Isso é bom, mas poderia ser melhor.
Todo mundo sabe que instrumentos musicais tendem a conservar-se melhor quando são convenientemente usados com alguma regularidade. Portanto, deixar um instrumento guardado dentro de uma caixa de vidro, sem uso algum, apenas contribui para sua usual deterioração. Por isso, a solução óbvia, é que esses instrumentos precisam ser tocados! Mas como conciliar o uso e a preservação?
Minha ideia é que, excetuando-se instrumentos que, de fato, não têm mais condições de uso, os demais deveriam, antes de mais nada, ser restaurados por luthiers competentes. Em seguida, poder-se-ia procurar na própria cidade executantes que, em determinadas datas e, de preferência, em uma sala do próprio museu, deem concertos usando esses instrumentos. Assim, o proveito será grande, pois os instrumentos serão tocados por conhecedores que, a pedido do museu, podem falar ao público sobre o instrumento, seu proprietário original e, naturalmente, sobre as músicas que serão apresentadas. Ou seja, conservam-se os instrumentos, valorizam-se os músicos e educa-se o público.
É trabalhoso? Pode ser, mas assim, inegavelmente, o público terá mais apreço pelos instrumentos que compõem o acervo do museu do que teria pela mera observação do cadáver de um violino, sem cravelhas, sem cavalete,  sem estandarte, sem encordoamento e sem alma - em sentido duplo, por suposto.


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