quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

História contrafactual (*) - Parte 1

1. Como seria o Egito Antigo se, ao invés do politeísmo, um claro monoteísmo se houvesse estabelecido às margens do Nilo?

2. Que tipo de cultura ter-se-ia desenvolvido na região mediterrânica (e talvez, posteriormente, no mundo Ocidental), se Cartago houvesse derrotado Roma nas Guerras Púnicas?

3. Seria hoje a Igreja Católica a única confissão cristã no Ocidente se Lutero e outros reformadores não tivessem feito qualquer oposição no século XVI?

4. Que impacto haveria sobre o desenvolvimento posterior da música europeia se W. A. Mozart houvesse conseguido um excelente emprego público, que lhe permitisse viver confortavelmente até a velhice, em lugar de ter uma existência atormentada por falta de recursos seguida de morte prematura, com pouco menos de trinta e seis anos de idade?

5. Caso não houvessem sido denunciados, seriam os Inconfidentes de Minas Gerais capazes de conduzir com sucesso uma revolta que resultasse em independência do Brasil?

6. Qual teria sido o desenrolar do processo de independência do Brasil se o governo português tivesse aceitado o Bloqueio Continental imposto por Napoleão Bonaparte, de modo que a Família Real não houvesse decidido transferir-se para o Brasil?

7. Que tipo de país seriam hoje os Estados Unidos se o Sul, e não o Norte, houvesse vencido a Guerra da Secessão?

8. Na hipótese de que a Princesa Isabel não houvesse assinado a Lei Áurea em maio de 1888, o que poderia ter ocorrido em relação à escravidão e aos escravos no Brasil?

(*) História Contrafactual é uma técnica para o estudo da História na qual trabalha-se com perguntas do tipo "Como seria se..." ou "O que teria acontecido caso...". É, evidentemente, apenas uma técnica, mas os resultados podem ser bem interessantes.


Veja também:

2 comentários:

  1. Se Cartago tivesse vencido as Guerras Púnicas, o Mar Mediterrâneo com as regiões e reinos em torno dela teriam virado um Mar Púnico.
    Apesar de possuir essencialmente uma cultura fenícia, o Império Cartaginês adotaria muitos elementos da cultura grega. O idioma fenício passaria a ser escrito no alfabeto grego. E uma teocrasia em que os cartagineses explicariam o seu politeísmo como sendo uma versão fenícia do panteão de divindades gregas passaria a haver.
    No século quarto da nossa era, o Império Cartaginês deixaria de ser perseguidora para se tornar protetora do cristianismo.
    Ao ser assolado por ataques dos bárbaros germânicos, o Império Cartaginês acabaria por ser dividido em duas partes : a parte ocidental com capital em Cartago, e a parte oriental com capital em Beirute. Em 450, o império ocidental viria a ser dominado pelos vândalos.
    No século 7, o Império Cartaginês do Oriente seria invadido pelos árabes. Os muçulmanos invadiriam o Magreb na primeira metade do século seguinte. Posse efêmera pois em 776, os francos conquistariam Cartago, Numídia e Mauritânia, para o alívio do Babbah (bispo de Cartago ) que receberia de presente os Estados Pontifícios...
    No ano de 800, Karul Akbur (Carlos Magno ) seria coroado pelo Babbah imperador “púnico”.
    Em 1492, ao anexar a Mauritânia e a Numídia, formar-se-ia a Espanha que exerceria a sua influência sobre o Babado. Com efeito, desde 1537 e até 1978, seriam eleitos somente babbahs de origem espanhola...
    Os idiomas do italiano, do espanhol, do português e do francês, formados na Baixa Idade Média, seriam frutos da evolução do velha língua falada por Aníbal. Em que se pese a germanidade estrutural, as culturas inglesa, alemã, holandesa e escandinava adotariam também elementos cartagineses. Desde o século 8, processar-se-ia uma verdadeira mistura entre o arabismo cultural e antiga cultura helenística nos Bálcãs e na Ásia Menor, não obstante a população destas duas áreas ter virado islâmica. O Renascimento Cultural europeu dos séculos 14, 15 e 16 não seria nada mais nada menos do que a exaltação que os europeus nutririam pela cultura greco-fenícia preservada nos territórios árabes outrora fenícios.
    Na partilha da África, uma das áreas que escapariam ao controle colonial europeu, seria o Magreb.
    Com a entrada da Espanha na Comunidade Econômica Européia, o Magreb tornar-se-ia um farol de progresso econômico e democracia para uma África negra cada vez mais estagnada.
    No século 21, para que a emigração de subsaarianos ao Magreb não assumisse proporções catastróficas, a União Européia decidiria dar tratamento preferencial aos produtos e matérias-primas oeste-africanos.

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  2. Olá, alematsumito. O divertido da chamada História Contrafactual é que, como ela não aconteceu, podemos imaginar à vontade, a título de exercício intelectual, obviamente dentro da lógica do contexto espaço-tempo. Muito interessantes as suas considerações, mas mudaria tudo se, por exemplo, após dominar Roma, Cartago viesse, por qualquer razão, a sofrer uma guerra civil que a enfraquecesse (a disputa pelo poder é sempre muito atraente, pelo menos para algumas pessoas). A partir disso, quem pode garantir que não acabaria sendo, por sua vez, conquistada por qualquer um de seus vizinhos de Mediterrâneo que, sendo anteriormente a ela submetido, aproveitasse a ocasião para se libertar? Aí, como se vê, a coisa vai longe...
    Agradeço a excelente colaboração. Volte mais vezes a este blog!

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