quinta-feira, 9 de março de 2017

Instrumentos musicais da Antiguidade

Povos da Antiguidade construíram e usaram uma ampla variedade de instrumentos musicais. Seria quase impossível listar todos os recursos de que os antigos dispunham para fazer música, de modo que somente trataremos aqui dos instrumentos conhecidos entre os povos da região do Mediterrâneo e adjacências, bem como da Mesopotâmia e de alguns de seus vizinhos.

Grupo de músicos com instrumentos, de acordo com um relevo assírio (¹)
Na construção de instrumentos eram usados diversos materiais: madeira, ossos (de animais, mas, às vezes, até de humanos), chifres de animais, peles (para instrumentos de percussão), fibras vegetais e crinas de animais para cordas. O uso de metais também acontecia, sendo, porém, mais raro, já que demandava um conhecimento técnico, a metalurgia, que não estava disponível entre todos os povos.
Músico grego com
instrumento de cordas (³
)
Em se tratando de instrumentos de cordas, as harpas e suas variantes eram bastante empregadas. Embora pudessem ser encontradas em diversos tamanhos, nunca eram muito grandes, pois, do contrário, não seriam facilmente transportadas (²). O princípio básico para confecção de uma harpa era a fixação de cordas de diferentes comprimentos em algum tipo de arco, geralmente de madeira. Supõe-se que, no começo, as cordas fossem tocadas apenas com os dedos do músico. Mais tarde os plectros foram introduzidos.
Representação egípcia
de uma raposa tocando
flauta dupla (⁵)
Instrumentos de sopro eram, até onde se sabe, feitos inicialmente com tubos ocos, aos quais, mais tarde, foram acrescentados orifícios, para dar origem às flautas primitivas. Havia também as flautas duplas, conhecidas entre egípcios, gregos, assírios e romanos (⁴), e as flautas de pan, em que tubos de diferentes tamanhos eram associados em um único instrumento. Trombetas feitas com chifres ou com metais tinham uso militar e religioso. 
Para a percussão, supõe-se que mãos e pés tenham sido originalmente empregados, e que o desenvolvimento de uma vasta gama de tambores (excelentes para a prática coletiva da música), tenha acontecido com o desejo de ampliar a intensidade do som que se obtinha. Pratos ou címbalos e triângulos também tinham uso frequente.
Observem, leitores, que vários dos instrumentos aqui citados, depois de séculos de desenvolvimento das técnicas de construção, continuam ainda em uso. Não é interessante? Entretanto, há relativamente poucos exemplares de instrumentos da Antiguidade que chegaram até nossos dias. Isso acontece porque os materiais de que eram confeccionados nem sempre eram duráveis o bastante para uma sobrevivência de milênios.
Músicos nômades podiam tocar à noite, ao redor de fogueiras, quando descansavam, depois de caminhadas exaustivas acompanhando rebanhos; entre os sedentarizados, a música era ingrediente que não podia faltar nas festas em honra dos deuses ou nas comemorações das grandes conquistas militares. Em todos os casos, havia música para celebrar a vida, assim como para lamentar a morte. Temos um vínculo, pois, com os povos da Antiguidade: ainda que os instrumentos tenham evoluído, inclusive com o advento da música eletrônica, e que nossas canções sejam outras, não há dúvida que, aqui e ali, os temas ainda se repetem.

(1) LAYARD, Austen Henry. Discoveries on the Ruins of Nineveh and Babylon. London: John Murray, 1853, p. 455.
(2) Esse era um requisito importante entre nômades e seminômades.
(3) ADAMS, W. H. Davenport. Temples, Tombs and Monuments. London: T. Nelson and Sons, 1871, p. 56.
(4) Evidência do compartilhamento de bens culturais e troca de informações nas áreas em que viviam esses povos.
(5) WRIGHT, Thomas. A History of Caricature & Grotesque in Literature and Art. London: Virtue Brothers & Co., c. 1864, p. 7.


Veja também:

4 comentários:

  1. Não mudamos muito, em essência. Continuamos a usar a música para celebrar a vida (nas festas) e a morte (nos rituais). E como seria triste este mundo sem música...
    Beijinho Marta
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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    1. Estou de pleno acordo. O mundo, sem música, não teria a menor graça.

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  2. A música é o canal que nos comunica com Deus, verticalmente, e com as pessoas, horizontalmente. O CEMUS - Centro de Educação Musical de Barueri, é o lado inclinado desta tríade.

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    1. Interessante seu conceito de música, Unknown.
      Obrigada por visitar o blog e comentar.

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