terça-feira, 21 de março de 2017

Sinais de fumaça

Os antigos romanos tinham um sistema de comunicação por meio de sinais de fumaça, que estava em uso para propósitos militares. De acordo com o que Políbio de Megalópolis registrou em sua História, o método, com o passar do tempo, foi aperfeiçoado, tornando-se mais complexo, sim, mas permitindo, com boa execução, transmitir mensagens de fumaça que exprimiam as letras do alfabeto. Empregava-se, naturalmente, o mínimo de letras ou palavras para comunicar uma ideia, lembrando um pouco o que, muito mais tarde, aconteceria com os telegramas. Entretanto, era preciso, a bem da eficiência, que os soldados a quem se encarregava a transmissão de mensagens fossem devidamente treinados. 
Um buriti (no centro da imagem)
A complexidade podia até não ser a mesma, mas os indígenas do Brasil também empregavam sinais de fumaça, sempre que desejavam mandar recados à distância. Aqueles que viviam no Brasil Central faziam uso deste método, descrito por José Vieira Couto de Magalhães:
"Vão subindo por um buriti (¹) e amarrando em torno dele, com um palmo de espaço, faixas de capim verde; descem depois, e ateiam-lhe fogo: a última das faixas o comunica às outras, de modo que a gigantesca palmeira serve de farol, não só por ficar toda em brasas, como também pela coluna elevada de fumaça, que se eleva ao céu em forma de espiral." (²)
É possível que alguns dos leitores queiram saber qual era o objetivo desse sinal. De acordo com Couto de Magalhães, era ao cair da tarde que xavantes, carajás e outros povos faziam uso dele, com a finalidade de informar um ponto de encontro para grupos dispersos de caçadores, embora também pudesse ser usado, ocasionalmente, ao meio-dia, sempre que o líder tribal notasse algum perigo. Não era a sinalização militar dos romanos, é verdade, mas funcionava.

(1) Palmeira típica do Brasil Central, mas que pode, também, ser encontrada em outras áreas.
(2) MAGALHÃES, José Vieira Couto de. Viagem ao Rio Araguaia. Goiás: Tipografia Provincial, 1864, p. 64.


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