Rua de Manaus em meados do Século XIX, , na qual se vê, à esquerda, um bando de urubus - desenho de E. Riou, sobre esboço de F. Biard (¹) |
A cidade era pequenina. A borracha não dera ainda sinal do brilhareco que fez explodir o crescimento urbano na margem esquerda do rio Negro. Mas já havia em Manaus, de acordo com o pintor francês François Biard, uma lei que daria orgulho a muito ecologista de hoje - era proibido causar dano aos urubus:
"Não se pode matar nenhum deles, sob pena de multa ou prisão, porque essas aves ajudam a limpeza das ruas, sempre atulhadas de cisco." (²)
François Biard esteve no Brasil entre 1858 e 1859. Mais de século e meio depois, o porto fluvial de Manaus é bastante movimentado, de modo que passageiros e mercadorias chegam e partem a cada instante. Turistas observam o mar de água doce à sua frente, em meio a embarcações de todos os tamanhos. Petroleiros gigantescos vêm e vão. Lá estão, também, os felizes descendentes dos urubus manauaras do Século XIX (³), tentando cumprir, como seus ancestrais, o honroso papel de ajudar na manutenção da limpeza. Não é difícil presumir, no entanto, que a tarefa está muito além do alcance de suas forças.
Este grupo de urubus foi visto, há algum tempo, enquanto disputava uma carcaça de peixe no porto de Manaus |
(1) BIARD, François. Deux Années au Brésil. Paris: Hachette, 1862, p. 457.
(2) Idem. Dois Anos no Brasil. Brasília: Ed. Senado Federal, 2004, p. 179.
(3) É apenas uma conjectura, leitores...
Veja também:
Muito bom o texto!
ResponderExcluirEscrevi recentemente sobre a utilização da figura do urubu como crítica contra o desleixo da gestão de Belém(PA) com a higiene da cidade no século XIX. Não vou divulgar porque não sei se seu blog permite. Mas que legal encontrar esse texto que também expõe esses personagens históricos que fizeram, e ainda fazem, parte da história da Amazônia.
Parabéns pelo blog!
Olá, Wendell,
ExcluirVi o link para seu texto no G+: muito interessante!
Obrigada por visitar História & Outras Histórias. Apareça sempre por aqui :-)))