quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Hortas nas reduções jesuíticas na América do Sul

Os jesuítas que estabeleceram reduções indígenas na América do Sul tinham, em cada uma delas, uma horta devidamente provida, tanto de vegetais nativos como daqueles que haviam vindo da Europa com colonizadores. Em referência a uma dessas hortas, o cônego João Pedro Gay (¹) afirmou que era "murada de pedra e barro, com ruas alinhadas e plantadas de pinheiros, laranjeiras, limoeiros, marmeleiros, macieiras, pessegueiros, nogueiras da Europa, oliveiras, parreiras e outras muitas árvores e arbustos, tanto indígenas como exóticos [...]" (²). 
Assim descrita, a horta seria, com mais justiça, chamada pomar. É pena que o cônego João Pedro Gay não tenha citado por nome os arbustos cultivados, porque entre eles poderiam estar algumas plantas aromáticas muito apreciadas. Embora não mencionadas por ele, hortaliças em geral eram também cultivadas. Disso se podem tirar pelo menos duas conclusões:
  • A existência das hortas permitiu que espécies conhecidas pelos colonizadores, mas não nativas, fossem, em alguns casos, introduzidas, e, em outros, tivessem o cultivo desenvolvido e disseminado na América do Sul, um fato que talvez os jesuítas não tenham premeditado, mas para cuja ocorrência, de qualquer modo, contribuíram;
  • As hortas dos jesuítas incluíam espécies que hoje não são muito comuns na América do Sul, o que prova que seu cultivo era possível, e que razões variadas devem ter contribuído para que o plantio não se generalizasse em outras áreas de colonização.

(1) Foi cônego em São Borja - RS no Século XIX e estudioso das missões jesuíticas na América do Sul. 
(2) GAY, João Pedro. História da República Jesuítica do Paraguay. Rio de Janeiro: Typ. de Domingos Luiz dos Santos, 1863, pp. 237 e 238.


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