Machado indígena (¹) |
A surpresa com as ferramentas rudimentares usadas por indígenas é recorrente entre autores que estiveram no Brasil no início da colonização. O padre Yves D'Évreux, por exemplo, franciscano que esteve no Maranhão entre 1613 e 1614, afirmou:
Ralador indígena de madeira com pedrinhas de granito (³) |
"[...] estes selvagens [...] não tendo ferramenta alguma para trabalhar, quer nos bosques quer nas roças, servem-se unicamente de machados de pedra para cortar árvores, fazer suas casas e canoas, plantar raízes, e por única recompensa de seus trabalhos só comem farinha e raízes passadas por um ralador feito de pedrinhas agudas, engastadas em uma tábua da largura de meio pé." (²)Bem, se tinham machados de pedra e, para a cozinha, um ralador, já não estavam sem ferramentas. Também é fato que indígenas não se alimentavam somente de farinha de mandioca e raízes, porque iam à pesca e à caça, e eram hábeis no manejo de suas armas. Coletavam frutas, ainda, de modo que, mesmo com a escassez de instrumentos para trabalhar, conseguiam sobreviver no ambiente em que estavam inseridos. D'Évreux minimizou as ferramentas usadas pelos indígenas que conheceu no Maranhão; mas poderia, com mais justiça, ter-se maravilhado com aquilo que eram capazes de fazer com tão poucos instrumentos.
(1) Etnia Fuini-ô Tapuya. Pertence ao acervo do Memorial dos Povos Indígenas (Brasília - DF).
(2) D'ÉVREUX, Yves. Viagem ao Norte do Brasil Feita nos Anos de 1613 a 1614. Maranhão: Typ. do Frias, 1874, pp. 43 e 44.
(2) D'ÉVREUX, Yves. Viagem ao Norte do Brasil Feita nos Anos de 1613 a 1614. Maranhão: Typ. do Frias, 1874, pp. 43 e 44.
(3) Etnia walwa. Pertence ao acervo do Memorial dos Povos Indígenas (Brasília - DF).
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