Muitos colonizadores que vieram ao Brasil nos Séculos XVI e XVII apenas pensavam em enriquecer e voltar ao Reino tão rápido quanto possível. Pelas acusações vindas de alguns autores seus contemporâneos, sabe-se que tal gente não tinha qualquer cuidado em preservar o que havia nas terras coloniais, e muito menos em construir algo sólido que pudesse, de fato, ser fundamento para as gerações futuras.
Mas como, afinal, era possível enriquecer no Brasil desse tempo já distante?
De acordo com o autor dos Diálogos das Grandezas do Brasil (¹), havia pelo menos seis ramos de atividade que favoreciam o enriquecimento, dentre os quais o mais notável era, sem dúvida, a "lavoura dos açúcares":
Mas como, afinal, era possível enriquecer no Brasil desse tempo já distante?
De acordo com o autor dos Diálogos das Grandezas do Brasil (¹), havia pelo menos seis ramos de atividade que favoreciam o enriquecimento, dentre os quais o mais notável era, sem dúvida, a "lavoura dos açúcares":
"{...] digo que as riquezas do Brasil consistem em seis coisas, com as quais seus povoadores se fazem ricos, que são estas: a primeira a lavoura do açúcar, a segunda a mercancia, a terceira o pau a que chamam do Brasil, a quarta os algodões e madeiras, a quinta a lavoura de mantimentos, a sexta e última a criação de gados." (²)Embora o próprio Ambrósio Fernandes Brandão, autor presumível dos Diálogos, fosse um dos que criticavam a conduta predatória dos colonizadores - ele conhecia apenas algumas Capitanias do Norte e, por isso, não tinha muito a dizer sobre as do Sul, como a de São Vicente, por exemplo - pode-se objetar que algumas atividades econômicas por ele listadas não se prestavam a uma produção rápida para breve retorno ao Reino. Era o caso, por exemplo, daqueles que investiam capital considerável na implantação de um engenho açucareiro, que somente chegava a dar lucro depois de alguns anos em funcionamento. Não obstante, houve proprietários de engenho que acabaram deixando alguém, parente ou contratado, para cuidar do empreendimento, possibilitando-lhes, assim, a volta a Portugal, onde cuidavam em negociar o melhor que podiam a produção distante, desfrutando a riqueza dela proveniente. Não era o caso dos lavradores que se dedicavam ao cultivo de mantimentos, cuja produção, prioritariamente, atendia às necessidades locais, e nem de leve oferecia o mesmo lucro e o mesmo status social que se podia obter com a produção açucareira, ao menos em sua fase de maior rendimento. Dos mercadores falaremos outro dia.
(1) Autoria atribuída, com razoável probabilidade, a Ambrósio Fernandes Brandão.
(2) BRANDÃO, Ambrósio Fernandes. Diálogos das Grandezas do Brasil, Diálogo Terceiro. Brasília: Edições do Senado Federal, 2010, p. 155.
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