Embora não fosse o produto agrícola prioritário - a cana-de-açúcar tinha a preferência - o algodão era também bastante cultivado nos tempos coloniais, para usos que talvez a maioria das pessoas nem suspeite.
Em fins do Século XVI Gabriel Soares escreveu, no seu Tratado Descritivo do Brasil em 1587, que "...em todos os anos se fazem grandes carregações de algodão, de que se dá muito na terra, do qual podem fazer grandes teais de pano grosso, que é muito bom para velas, de muita dura e muito leves, de que andam velejados os navios e barcos da costa [...]." (¹)
Não era esse, porém, o único uso do algodão que se produzia no Brasil. É verdade que a gente da Bahia, tendo recursos, amava vestir-se com tecidos finos, alardeando a sua condição de triunfadores dentro da estrutura colonial, mas havia aqueles que, ou por falta de recursos ou por não terem a liberdade da escolha, viam-se como que obrigados ao uso de vestuário confeccionado com tecido de algodão - um indício certo, na época, de baixa condição social. Seguimos com Gabriel Soares:
"Dentro na Bahia trazem muitos barcos as velas de pano de algodão que se fia na terra, para o que há muitas tecedeiras, que se ocupam em tecer teais de algodão, que se gastam em vestidos dos índios, escravos de Guiné e outra muita gente branca de trabalho." (²)
Será muito bom lembrar que, aqui, "vestir os índios" não se fazia por caridade cristã ou excesso de pudor. Nada disso. É que eram os indígenas escravizados em massa (ao contrário do que durante muito tempo se disse e ensinou), e eram vestidos inclusive como forma de assegurar que obedeceriam e viveriam segundo as regras dos colonizadores. Até porque, a crermos no testemunho de muitos religiosos daquele tempo, era bem sumária essa vestimenta fornecida aos índios, mesmo nos aldeamentos com propósitos missionários.
(1) SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado Descritivo do Brasil em 1587. Rio de Janeiro: Laemmert, 1851, p. 359.
(2) Ibid.
"Dentro na Bahia trazem muitos barcos as velas de pano de algodão que se fia na terra, para o que há muitas tecedeiras, que se ocupam em tecer teais de algodão, que se gastam em vestidos dos índios, escravos de Guiné e outra muita gente branca de trabalho." (²)
Será muito bom lembrar que, aqui, "vestir os índios" não se fazia por caridade cristã ou excesso de pudor. Nada disso. É que eram os indígenas escravizados em massa (ao contrário do que durante muito tempo se disse e ensinou), e eram vestidos inclusive como forma de assegurar que obedeceriam e viveriam segundo as regras dos colonizadores. Até porque, a crermos no testemunho de muitos religiosos daquele tempo, era bem sumária essa vestimenta fornecida aos índios, mesmo nos aldeamentos com propósitos missionários.
(1) SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado Descritivo do Brasil em 1587. Rio de Janeiro: Laemmert, 1851, p. 359.
(2) Ibid.
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