Ano de 1918: enquanto a pandemia de influenza, conhecida como gripe espanhola, fazia vítimas e espalhava o medo entre a população, os agricultores em várias regiões rurais do Estado de São Paulo lutavam contra uma praga de gafanhotos que causava dano considerável às plantações. Vê-se nisso uma estranha e mesmo desconcertante coincidência. Embora a região da América do Sul atingida por nuvens de gafanhotos em 2020 não seja o Estado de São Paulo, a pandemia de Covid-19 deixa marcas em quase todo lugar. Com maior ou menor grau de ceticismo, somos tentados a perguntar: Por quê?
Na edição de 1º de novembro de 1918 do jornal Correio Paulistano, quase toda dedicada aos acontecimentos relacionados à gripe espanhola em São Paulo, apareceu esta nota, na página 4:
"É enorme a invasão de gafanhotos ora verificada no Estado, tendo sido assoladas pelo mal todas as zonas, com maior ou menor intensidade, excetuando-se a servida pela Estrada de Ferro Central do Brasil e litoral.
A Diretoria de Agricultura tem empenhado os seus esforços no sentido de debelar o mal. Para esse fim distribuiu pelas zonas limítrofes do Paraná todo o material de que dispunha, destacando, antes mesmo do começo da invasão, inspetores para ministrar instruções [...].
Continuando a invasão a progredir com rapidez vertiginosa, a Secretaria da Agricultura aumentou o pessoal encarregado de dar instruções para o combate ao flagelo. Neste mister, embora difícil, continuam a ser individualmente atendidos os 30.000 lavradores do Estado de São Paulo, distribuindo-se instruções impressas às municipalidades, a fim de fazer chegar a cada fazenda o conhecimento do modo de agir contra tão devastador inimigo." (*)
Infelizmente o jornal não informava que procedimentos estavam sendo adotados no combate à praga, mas sabe-se que era usual que trabalhadores e residentes nas propriedades rurais se reunissem e, portando objetos de metal e madeira, fizessem tanto barulho quanto possível, para afugentar os insetos. Essa prática não tinha, por suposto, a capacidade de eliminar os gafanhotos, apenas sugeria a eles que mudassem de endereço e fossem causar danos em outro lugar.
(*) CORREIO PAULISTANO, nº 19.873, 1º de novembro de 1918, p. 4.
As pragas, sejam do que for, parecem mesmo ser cíclicas.
ResponderExcluirGrato pela informação disponibilizada, Marta.
Tenha um bom fim-de-semana :)
Sim, ainda não compreendemos totalmente seu ciclo na natureza. De qualquer modo, não se pode negar que afetam bastante a sobrevivência de populações humanas nas áreas mais atingidas.
ExcluirUm abraço, obrigada por comentar.